O número de estudantes com dívidas em escolas, universidades e outros cursos na educação privada de Minas Gerais subiu em 2023 e chegou ao índice de 23,16%. Em 2022, o indicador estava em 20,23%. Os dados são da Linx Sponte, software de gestão escolar.

A taxa de inadimplência em escolas particulares mineiras superou a taxa nacional, que foi de 22,63% no ano passado. O levantamento foi feito com mais de 4 mil instituições da rede privada no Brasil.

“A gente considera como inadimplência os pagamentos realizados 30 dias depois do vencimento da parcela ou as parcelas que estão vencidas há mais de 30 dias e que ainda não foram quitadas”, explica Cristopher Morais, diretor de negócios da Linx Sponte.

Segundo o especialista, uma explicação para essa inadimplência alta nas escolas privadas é a Lei 9.780/1999, que protege os alunos que estão com dívidas, impedindo que a matrícula desses estudantes seja cancelada até a renovação, no ano seguinte.

Ou seja, se a renda dos pais não der para pagar todas as contas do mês, provavelmente eles ficarão devendo a mensalidade escolar. E vão pagar quando puder, usando recursos como o 13º salário e empréstimos bancários.

“Esse é um cenário que favorece a inadimplência porque muitos pais acabam sabendo e se beneficiam disso. Em escolas de educação básica, é comum você ver pais que pagam a primeira parcela do ano, aí ficam inadimplentes a partir da segunda e só vão pagar o que devem na renovação da matrícula, porque aí a escola pode barrar o aluno”, ressalta Morais.

O diretor de negócios da Linx Sponte destaca ainda que a grande maioria das escolas particulares aceita renegociar as dívidas das mensalidades escolares. Muitas tiram os juros e multas para facilitar o pagamento. Em muitos casos, o débito é até parcelado em várias vezes. Tudo para que o aluno não perca a matrícula e deixe de estudar.

Inadimplência é maior no esnino superior

Se a inadimplência é grande nas escolas particulares de educação básica e infantil, a situação é ainda pior nas universidades privadas. Nestes casos, segundo Morais, é o aluno que costuma pagar a mensalidade. E isso impulsiona o atraso de pagamentos, mesmo que a matrícula seja renovada num período menor, de seis em seis meses. Na visão do especialista, o estudante insatisfeito tende a abandonar o curso e deixar uma dívida na instituição.

“Se o aluno se sentir desengajado ele mesmo não renova ao longo do semestre, então acaba ficando um pouco maior a inadimplência. Na educação básica, como é o pai que está pagando para o filho menor de idade, acaba havendo um compromisso maior”.

A pesquisa mostrou que a taxa de inadimplência no ensino superior em 2023 no país foi de 29,97%, seguida pela educação infantil (27,12%), pela educação básica (26,53%) e por cursos técnicos (25,90%).

Inadimplência por regiões do país

No Sudeste do Brasil, a taxa de inadimplência no ensino privado saltou de 20,21%, em 2022, para 22,27%, em 2023. Mesmo assim, a região registrou a menor taxa de inadimplência do país, considerando 26,03% no Nordeste; 24,87% no Centro-Oeste; 23,85% no Norte e 22,27% no Sul.

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