Dono do X ameaçou descumprir as decisões judiciais do ministro do STF e liberar o conteúdo que ele mandou bloquear

Repercute na imprensa internacional a “queda de braço” travada entre o dono do X, o bilionário Elon Musk, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Nesta segunda-feira (8), alguns dos principais veículos de comunicação da França, dos Estados Unidos e do Reino Unido relataram a troca de mensagens e as acusações feitas pelo empresário contra o magistrado brasileiro.

No final de semana, Musk decidiu usar a própria plataforma para atacar Moraes. Em uma postagem, pediu a renúncia do ministro, contestou a atuação dele na Corte e o chamou de “traidor” do povo e da Constituição brasileira. Em nota divulgada nesta segunda-feira, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que cumpre agenda internacional no Canadá, declarou que “toda a empresa que opere no Brasil está sujeita à Constuição” do país.

Em Paris, na França, o jornal Le Monde chamou de controversa a personalidade de Moraes ao declarar que ele, nos últimos anos, ordenou a suspensão de contas do antigo Twitter suspeitas de disseminar desinformação.

“Uma figura judicial que divide opiniões – considerada tirânica por alguns e um fervoroso defensor da democracia por outros – Moraes é um dos 11 membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Ele também preside o Tribunal Superior Eleitoral do país, conhecido como TSE. Críticos, incluindo agora Musk, afirmam que Moraes faz parte de uma ampla repressão à liberdade de expressão no Brasil”, diz o jornal francês.

Para o Washington Post, um dos principais jornais dos Estados Unidos, Elon Musk está “desafiando” as ordens de bloqueio de contas acusadas de publicar desinformação dadas por Moraes. O jornal lembrou que o Brasil é o quarto maior mercado mundial de usuários do X, com quase 20 milhões de contas, e que o país tem enfrentado dificuldades para conter o rápido aumento da desinformação que tem alimentado a violência.

A publicação destacou também o apoio declarado a Musk por líderes políticos de direita no Brasil, como os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreiras (PL-MG), ambos do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em Londres

Já no Reino Unido, a BBC colocou em discussão a possibilidade do X ser bloqueado no Brasil. O jornal afirmou que acredita-se que os perfis envolvidos nas suspensões determinadas por Moraes estivessem ligados a movimentos de extrema-direita que postaram conteúdo relacionado a “tumultos em 8 de janeiro do ano passado, quando milhares de apoiadores do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, invadiram o Congresso do país, o Supremo Tribunal Federal e o palácio presidencial”.

A também britânica Reuters se referiu a Elon Musk como “um autodeclarado absolutista da liberdade de expressão” que desafiou uma decisão judicial ordenando o bloqueio de certas contas.

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