O presidente está em reunião com o líder da empresa, Jean Paul Prates, após a estatal enfrentar uma perda de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um único dia

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enfatizou em entrevista nesta segunda-feira (11) que a Petrobras deve considerar não apenas os interesses dos acionistas, mas principalmente os da população.

“A Petrobras não é apenas uma empresa de pensar nos acionistas que investem nela. A Petrobras tem que pensar em investimento e em 200 milhões de brasileiros que são donos ou sócios dessa empresa”, afirmou.

O presidente também expressou críticas ao mercado financeiro, caracterizando-o como um “rinoceronte, um dinossauro voraz que busca tudo para si e nada para o povo”. Ele destacou que ceder apenas às demandas do mercado resultaria em inação, afirmando: “Se eu me curvar apenas à pressão do mercado, nada será feito”. A fala foi feita ao SBT News.

Lula ainda ressaltou que o governo teve uma “conversa séria” com a direção da Petrobras sobre os rumos da empresa. Ele destacou a importância de uma abordagem que leve em consideração não apenas os resultados financeiros, mas também o impacto social e econômico para o Brasil.

Nesta segunda-feira (11), Lula recebeu o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para uma reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, após a estatal enfrentar uma perda de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um único dia. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participaram do encontro.

A desvalorização da estatal na bolsa de valores aconteceu após o Conselho de Administração anunciar na quinta-feira (8) que não pagaria os R$ 72,4 bilhões de dividendos extraordinários aos acionistas, optando por distribuir uma parcela maior dos lucros aos investidores.

Essa medida gerou uma reação negativa do mercado, levando a uma queda significativa nas ações da Petrobras. Esperava-se que a empresa distribuísse pelo menos 50% dos dividendos extraordinários, porém, a decisão foi de reter os repasses, incluindo a parte destinada à União, que detém a maior fatia da petrolífera.

Informações dos bastidores indicam que houve divergências no Conselho de Administração da Petrobras sobre a distribuição dos dividendos extraordinários.

Enquanto a equipe do governo defendia, em conversa com o presidente da Petrobras na semana anterior, a não distribuição dos recursos aos acionistas, Prates defendeu a distribuição de parte do montante, alertando para possíveis consequências no mercado. O assunto foi levado ao presidente Lula, que decidiu pelo não pagamento. Essa reunião não consta na agenda oficial do presidente.

Foi deliberado que os dividendos extraordinários seriam retidos em uma reserva de remuneração de capital. Considerando que o governo detém a maioria das ações da Petrobras, controlando seis dos onze conselheiros da estatal, a decisão foi tomada durante uma reunião com Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Jean Paul Prates, por sua vez, optou por abster-se de participar da decisão de repassar os recursos aos investidores durante este encontro.

De acordo com a lei das estatais, os dividendos extraordinários não podem ser diretamente utilizados em investimentos ou para quitar dívidas. No entanto, a equipe do governo, alinhada ao presidente Lula, defendeu que manter mais de R$ 73 bilhões no caixa da Petrobras, ou seja, na reserva de capital, poderia ajudar a empresa a obter empréstimos em condições mais favoráveis.

próximo artigoLula e Zema se encontram pela terceira vez em um mês
Artigo seguinteCasa do novo presidente do União Brasil é incendiada em meio à embate com Bivar

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Please enter your comment!
Please enter your name here