Um dirigente do movimento palestino Jihad Islâmica morreu nesta terça-feira (2), depois de mais de 80 dias de greve de fome em uma prisão israelense, o que provocou o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza contra Israel

Khader Adnan, que faleceu aos 45 anos, já havia sido detido diversas vezes por Israel e havia iniciado quatro greves de fome, o que o transformou em um símbolo para os palestinos.

A administração penitenciária de Israel anunciou em um comunicado a morte de um detento, que foi “encontrado inconsciente em sua cela” e depois hospitalizado.

A Jihad Islâmica e o Clube de Prisioneiros Palestinos confirmaram à AFP a morte de Adnan.

Em uma entrevista coletiva em sua casa em Arraba, norte da Cisjordânia, sua esposa Randa Moussa declarou que a morte é um “orgulho”.

Na sexta-feira, ela havia afirmado à AFP que as condições de detenção eram “muito difíceis”. Também denunciou que Israel rejeitara a transferência para um hospital civil ou a autorização para a visita de um advogado.

Foguetes lançados a partir de Gaza

“Não queremos que uma única gota de sangue seja derramada, não queremos que ninguém responda ao martírio (de Adnan), não queremos nenhum lançamento de foguete e que depois ataquem Gaza”, disse Randa Moussa.

Durante a madrugada, três foguetes e um projétil foram lançados a partir de Gaza contra Israel, mas caíram em áreas afastadas ou perto da fronteira, anunciou o exército. Os disparos não foram reivindicados até o momento.

Após o anúncio da morte, a Jihad Islâmica, movimento considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, afirmou em um comunicado que o Estado hebreu “pagará o preço por este crime”.

“Se o povo palestino não tivesse pessoas como Khader, nossa causa não teria repercussão”, disse o líder do grupo, Ziad al-Nakhale, que saudou uma morte “poderosa e honrosa”.

Na manhã desta terça-feira, comerciantes palestinos fecharam suas lojas na Cisjordânia em resposta a uma convocação de greve geral.

No norte deste território, ocupado desde 1967, um israelense foi ferido por estilhaços de vidro e dois veículos foram atingidos por tiros, informou o exército, que procura os autores dos ataques.

“Assassinato deliberado”

Khader Adnan começou a greve de fome no início de sua detenção, em 5 de fevereiro, afirmou a administração penitenciária, que alegou que o palestino “rejeitava passar por exames médicos e receber atendimento.

Ele havia sido indiciado por seu envolvimento com a Jihad Islâmica e por discursos que incitavam a violência, informou à AFP uma fonte do governo israelenses que pediu anonimato.

Um tribunal militar de apelações rejeitou recentemente seu pedido de libertação, acrescentou.

O ministro da Segurança Nacional, o político de extrema-direita Itamar Ben Gvir, disse que as autoridades carcerárias decidiram fechar as celas para “evitar distúrbios”.

“A diretriz do serviço penitenciário é tolerância zero com as greves de fome e os distúrbios na segurança das prisões”, disse. 

O presidente do Clube de Prisioneiros Palestinos, Qaddura Faris, afirmou que Adnan é o primeiro palestino que morre em consequência direta de uma greve de fome, embora outros tenham falecido “como resultado das tentativas de alimentá-los à força”.

A organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel, que havia alertado para “o risco de morte iminente” após uma visita a Adnan há alguns dias, afirmou que “apenas com os recursos disponíveis em um hospital (…) sua vida poderia ter sido salva”.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, descreveu a morte de Adnan como “um assassinato deliberado” de Israel por “rejeitar o pedido de libertação, ignorar sua condição médica e mantê-lo na cela, apesar da gravidade de seu estado de saúde”.

A Liga Árabe também atribuiu a morte à “política de negligência médica deliberada praticada sistematicamente pelas autoridades de ocupação israelenses”.

Em sua última carta divulgada pelo Clube de Prisioneiros, Adnan advertiu que sua força estava diminuindo e pediu a Deus que o aceite como um mártir fiel”.

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