Jacob Flickinger, de 33 anos, tinha acabado de ter uma criança

O pai do americano-canadense Jacob Flickinger, um dos sete colaboradores de uma ONG mortos em um ataque israelense na Faixa de Gaza, assegurou nesta quinta-feira (4) que seu filho hesitava em ir para o território palestino, mas o fez porque sentia necessidade de ajudar.

Flickinger, de 33 anos, fazia parte de um grupo de trabalhadores da organização World Central Kitchen (WCK), do chef hispano-americano José Andrés, que morreram na segunda-feira quando Israel bombardeou o comboio no qual viajavam, uma ação que reconheceu como um “grave erro”, provocando indignação de líderes mundiais.

Em entrevistas para meios norte-americanos, seus pais, John Flickenger e Sylvie Labrecque, renderam homenagem a seu filho, que começou a trabalhar com essa organização de ajuda alimentar no ano passado no México.

“Ele hesitava em ir, tinha acabado de ser pai. Tinha um filho precioso de 18 meses e uma linda e jovem esposa com quem estava bastante unido. Mas sentiu a necessidade e, obviamente, tinha que manter sua família”, assegurou John Flickenger à “CBS News”.

Em outra conversa com a “BBC News”, Flickenger explicou que seu filho se sentia “bastante confiante de poder realizar a missão de forma segura” em Gaza. “Ele sentia que a World Central Kitchen sabia o que estava fazendo ali. Estavam em uma zona de segurança, controlada pelas Forças de Defesa de Israel”, contou.

Disse que seu filho, que também era veterano das Forças Armadas canadenses, começou a trabalhar com a WCK, já que a organização lhe permitia aproveitar suas principais paixões e habilidades. “Ele adorava esse trabalho, pois unia seus talentos: sua formação militar, seu amor pela aventura e seu desejo de servir e ajudar os demais”, explicou Flickinger. Na emotiva entrevista, disse que seus pensamentos estão com a família que seu filho construiu. “Agora meu neto crescerá sem seu pai”, lamentou.

A parceira de Jacob Flickinger, Sandy Leclerc, disse à “ABC News” que quer saber a “verdade do que aconteceu”, porque a situação é “muito pouco clara”. “Estou devastada por esta notícia… Ele era uma parte de mim”, assegurou, acrescentando que não sabe como explicar ao filho que o pai dele morreu.

O ataque de segunda-feira foi amplamente condenado por líderes globais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que se disse “indignado e com o coração partido”. Nesta quinta, Biden advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que a continuidade do apoio norte-americano está condicionada à proteção dos civis em Gaza.

Fundada em 2010 por José Andrés, a WCK interrompeu desde o bombardeio suas operações no território palestino assolado pela guerra entre Israel e o grupo islamista Hamas, no qual também morreram cidadãos de Austrália, Reino Unido e Polônia, além de um palestino.

Os trabalhadores tinham acabado de entregar mantimentos em um armazém no centro de Gaza quando foram alcançados pelo ataque israelense.

(AFP)

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