O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou nesta segunda-feira (4/3) que as maiores torcidas organizadas de Atlético e Cruzeiro, a Galoucura e a Máfia Azul, foram banidas dos jogos mais uma vez, agora por dois anos, devido à morte de um torcedor celeste nesse final de semana. A primeira acabou de sair de uma punição, enquanto a segunda já está banida.

“O banimento temporário consistirá na proibição do uso, porte e exibição de qualquer vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou qualquer objeto que possa caracterizar a presença da torcida nos estádios ou seus respectivos entornos nos dias de jogos”, informou.

Organizadoras das partidas, a Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) precisam ratificar a recomendação. No documento, expedido pelo promotor de Justiça Fernando Ferreira Abreu, da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG), aponta-se que as desavenças entre as facções geram severos transtornos à segurança e ordem pública.

“O problema, portanto, ultrapassa os limites da violência desportiva, necessitando de atuação estatal típica de combate à criminalidade organizada”, disse. Para ele, é urgentemente necessária a criação, por parte do Poder Judiciário, de um cadastro nacional de torcedores suspensos ou impedidos de frequentarem eventos esportivos – ele enviou um ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sugerindo que um dos conselheiros avalie o desenvolvimento desse banco.

Além disso, para Abreu, os clubes precisam tomar medidas drásticas para pararem de ser associados e punidos por conta das atitudes de criminosos aliados a torcidas organizadas. “Eles devem adotar procedimentos internos para que torcidas organizadas, nitidamente associadas à prática de violência, sejam coibidas de utilizar símbolos e escudos para evitar sanções na esfera desportiva, haja vista a responsabilidade civil objetiva prevista na Lei Geral do Esporte”, falou.

Já punidas

Curiosamente, tanto a Galoucura quanto a Máfia Azul foram banidas temporariamente recentemente por conta de casos de violência. A do Galo saiu de uma de dois anos e três meses em 2023; agora, cumprirá a punição até 4 de março de 2026.

Já a da Raposa estava cumprindo uma e já partiria para outra de dois anos no próximo dia 15 de março. Somando a futura com a atual, o seu banimento será cumprido até 15 março de 2028.

Recomendação

Além do banimento, o promotor enviou um ofício ao procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, sugerindo a criação de um grupo especializado, no interior do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPMG, para combate à criminalidade associada a eventos de futebol.

“A questão não se restringe à violência no futebol, e para que, entendendo por necessário, provoque o Tribunal de Justiça de Minas Gerais para o desenvolvimento de estratégia interinstitucional de controle de torcedores suspensos/banidos de eventos desportivos”, afirmou Fernando Ferreira Abreu.

Posicionamentos

Em nota, a Galoucura lamentou o ocorrido com o torcedor rival, mas afirmou que a torcida, como um todo, não tem culpa em fatos como esse, e que banir a torcida das partidas não faz ela deixar de existir. “Seguiremos olhando o esporte como oportunidade social para que os nossos melhorem de vida. E também em busca de diálogo real com as autoridades para que possamos ajudar a pacificar as torcidas. Fazer a mãe de alguém chorar nunca nos deixará feliz e não faz parte da nossa ideologia”, diz.

Já a Máfia Azul, através das redes sociais, se posicionou contra punir a torcida após fatos isolados de membros ou pessoas associadas à agremiação. “Torcida é torcida. Crime é crime. Aqui, não confundimos as coisas. Nunca vamos perder esta ideologia. Nunca seremos covardes a este ponto, aqui nós não confundimos as coisas”, publicou.

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