Saiba quais são os sintomas, diagnóstico e tratamentos para teníase e cisticercose.

A tênia é um parasita que pode causar doenças em homens e outros animais. Possui o formato de fita e é bastante fina. Existem dois tipos delas, a Taenia solium e a Taenia saginata. O ciclo de contaminação das duas é semelhante e ambas causam a mesma doença, a teníase. Trata-se de uma verminose intestinal em que há a presença da forma adulta de um desses tipos de tênia no organismo. 

Nesse ciclo, o homem contaminado com o parasita libera em suas fezes pedaços do verme, que são chamados de proglotes e que contêm ovos do parasita. Quando essa liberação é feita em uma área sem saneamento básico, coleta adequada de dejetos e cuidados sanitários, animais podem se alimentar de materiais contaminados com essas fezes. Uma vez dentro dos organismos desses animais, os ovos implodem em larvas, que são chamadas de cisticercos. Os cisticercos se disseminam no sistema dos animais e se instalam em seus tecidos, no cérebro e no músculo, em pedaços de carne que o homem poderá consumir. Ao consumir essa carne crua ou mal passada, o homem se infecta. A Taenia solium se caracteriza por parasitar o porco, já o hospedeiro intermediário da Taenia saginata é o boi ou a vaca. E assim, o ciclo segue.

Outra doença causada pela tênia é a cisticercose. Nesse caso, o homem entra em um momento diferente do ciclo descrito acima. Ele próprio ingere os proglotes, e não os animais. Isso ocorre quando o homem consome hortaliças, verduras e frutas lavadas com águas contaminadas pelos ovos, por exemplo. Apenas as larvas da Taenia solium causam essa doença.

“E então o que acontece no animal, acontece no homem. Esses ovos eclodem, larvas invadem o intestino, caem na corrente sanguínea, e assim como ocorre com animais, acontece com o homem de se instalarem e formarem o cisticerco em diferentes partes do corpo. Também podem ocorrer nos músculos, mas, diferente dos animais, ocorre preferencialmente no sistema nervoso central. Podem também se instalar nos olhos, na medula espinhal e nos músculos do coração, por exemplo”, diz a dr. Dra. Ligia Pierrotti, médica infectologista do Alta Diagnósticos, laboratório de exames e imagem.

Sendo assim, a cisticercose se apresenta como mais perigosa do que a teníase. “A cisticercose é uma doença importante. Porque basicamente estamos falando de neurocisticercose, já que o mais comum é que o cisticerco se instale no sistema nervoso humano. E isso pode acarretar em várias consequências. A teníase apresenta sintomas, é claro, como um desconforto abdominal, impacto na nutrição do indivíduo e alteração do hábito intestinal. Mas a cisticercose é mais grave. Pode se alojar no olho, causando cegueira ou paralisia ocular, se alojar na espinha, causando paralisia, pode se alojar no cérebro, que é o mais comum, causando cefaleia e crise convulsiva, a depender do local. Os sintomas são diversos, às vezes os sintomas são alterações de memória, alterações cognitivas, alterações da marcha. O que mais se manifesta é a crise convulsiva”, diz a dra. Ligia. 

Diagnóstico e tratamentos

O diagnóstico não é simples, isso porque uma vez que o parasita está instalado no organismo, a pessoa pode passar meses ou mesmo anos sem perceber nenhum sintoma.

“Depois da exposição, podem levar muitos anos até que os sintomas comecem a se apresentar. Isso dificulta a questão epidemiológica de investigação. Por isso, identificar a presença de anticorpos específicos e da sorologia junto com o exame de imagens ajudam a confirmar uma exposição” diz a dra. Ligia.

“E em outros casos, podemos realizar exame de fezes e, às vezes a olho nu, na hora que o médico esta fazendo uma inspeção em região anal, conseguimos ver o parasita se mexendo ali nessa região”, completa a dra. Cláudia Maruyama, médica infectologista do Hospital São Camilo. “Habitualmente, são exames de triagem mesmo. Por exemplo, quando há um sintoma gástrico, como quadros diarreicos. Nesse caso se faz exames abdominais, ou um ultrassom, dependendo da causa. E aí conseguimos identificar a presença do parasita”, completa a dra. Cláudia. 

O tratamento varia de acordo com a doença. No caso da teníase, é bastante simples: normalmente os antiparasitários, que se tomam geralmente na infância, como o albendazol, são suficientes. Já para os cisticercos, tudo depende do local em que eles se instalaram, se no cérebro, nos olhos ou outro local. Cada localidade vai demandar um tratamento específico para a área. 

“O tratamento da neurocisticercose é um pouco mais específico, depende muito das manifestações. Por exemplo, se há crises convulsivas, receita-se o anticonvulsivo. Pode- se até recomendar uma cirurgia, a depender da localização e do caso. Mas, muitas vezes, se faz uso do antiparasitário, juntamente com corticoide ou antiinflamatório. Então, já é um tratamento mais cuidadoso, que exige alguns protocolos”, diz a dra. Ligia. 

Prevenção 

Desse modo, ao se analisar o ciclo vemos que a prevenção passa basicamente por uma melhoria de saneamento básico e condições sanitárias, de um ponto de vista mais estrutural. E de uma ótica individual, por evitar o consumo de carnes mal passadas ou cruas, principalmente quando não se conhece a procedência. 

“O que cada pessoa pode fazer é evitar carnes de origem desconhecida ou duvidosa, e se for se alimentar dessa carne, que seja bem cozida. Nada cru. A carne deve estar bem frita, bem assada, bem cozida, não pode estar crua ou mal passada. E cuidado também com a ingestão de água, pois ela pode ter passado por um solo contaminado”, diz a dra. Cláudia. 

fonte – Dr. Dráuzio Varella

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