(Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do Portal ZUG.)

A esquerda abdicou de fazer a política, abdicou do debate e do enfrentamento de
ideias. A esquerda saiu das ruas e delegou para o Supremo Tribunal Federal o debate
político e o enfrentamento da direita.

O ato provocado pelo Supremo e convocado por Jair Messias Bolsonaro, encheu a
cidade de São Paulo. Milhares de pessoas, voltaram a lotar a Avenida Paulista num
ato político como não se via desde o impeachment de Dilma Rousseff.
Todos os agentes políticos falaram com cuidado, contendo as palavras, medindo o que
diriam para não gerar mais um agravamento da crise institucional e para não saírem
de lá também investigados, indiciados por algum inquérito provocado por algum
ministro da Suprema Corte do país.

Tudo isso para fazer com que a demonstração que Bolsonaro queria e teve, não fosse
maculada por uma ação policial minutos depois ou horas depois, daqueles que
queriam fazer com que essa manifestação parecesse mais um ato golpista.
O discurso de Bolsonaro, foi uma breve prestação de contas do que fez no governo.
Uma justificativa da minuta de decreto que instalaria um estado de defesa ou estado
de sítio em que ele declara que atos de cogitação são diferentes de uma tentativa, ou
seja, não se tentou fazer nada, não foi acionado nenhum processo de ruptura
democrática. E Bolsonaro terminou levantando a ideia de uma anistia para os presos
de 8 de janeiro que não foram envolvidos em atos violentos de vandalismo, o que
acredito que acontecerá apartir do ano de 2027.

Que tamanho teve essa manifestação? Há uma discussão na imprensa, a discussão
entre o dado da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, que disse se
tratarem de 750 mil pessoas, quando se soma a Avenida Paulista e as ruas ao seu
entorno.

Em contraposição, um núcleo de estudos dentro da USP, diz que foram 185 mil
pessoas. Independente disso e não sei o que a imprensa espera divulgando o número
de 185 mil pessoas, quando, em uma parada gay, no ano de 2022, na mesma Avenida
Paulista, publicaram um número de 4 milhões de pessoas. Basta comparar as fotos e
vídeos dos eventos disponibilizadas na internet, que tem a mesma proporção. Ou seja,
quem fala em 185 mil, está mais preocupado com a narrativa construída do que com a
própria credibilidade.

Essa manifestação representou a virada de página do 8 de janeiro. Se o 8 de janeiro
serviu para a esquerda criar o temor das pessoas saírem às ruas, isso agora foi lavado
pelo mar de gente que passou na Avenida Paulista. Virou-se a página com uma nova
manifestação ao estilo daquela do impeachment de Dilma, uma manifestação
democrática, pacífica, ninguém falou em ação militar; uma livre manifestação da
inconformidade dos brasileiros com a ruptura institucional que nós estamos vivendo no
Brasil.

Este é o maior simbolismo de 25 de fevereiro de 2024. O povo voltou às ruas. E o que
Lula deve estar preocupado é que, sabendo agora que o povo voltou às ruas, sabendo
que o PT não tem condições de fazer frente nas ruas, o que fará no primeiro soluço
que der a economia brasileira? Acredito que nós veremos, novamente, as pessoas nas
ruas. Devolveu-se para a população, a tranquilidade de se manifestar.

Lula da Silva, questionado pela imprensa, preferiu o silêncio. A jornalista Lu Aiko Otta,
do Jornal Valor Econômico, no dia 26 de fevereiro, na cerimônia seguida de uma
coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, pedindo ao Presidente que emitisse uma
opinião, não foi respondida: ¨Se eu puder ser ousada, Presidente, eu queria perguntar
sobre o ato que ocorreu ontem na Avenida Paulista. Acho que não sou só eu que
estou curiosa a respeito. Gostaria de ouvir uma avaliação sua. Se possível, muita
obrigada”. A jornalista foi vaiada por seus apoiadores, ou seja, a esquerda não quis
falar sobre o assunto.

Quem quis falar sobre o assunto? O ministro Alexandre de Moraes. Também, no dia
26 de fevereiro, em palestra de abertura do ano letivo na USP(Universidade de São
Paulo):¨Nós não podemos nos enganar. Nós não podemos baixar a guarda. Não
podemos dar uma de bambam, que durou 36 segundos. Nós temos que ficar alertas e
fortalecer a democracia. Fortalecer as instituições, e regulamentar o que precisa ser
regulamentado.¨

Então, quem responde em nome da esquerda no Brasil é Alexandre de Moraes. Ora, é
extremista quando Alexandre de Moraes e a mídia chamam qualquer pessoa que saia
de verde e amarelo na rua de extremista, de extrema direita. O que eles estão fazendo
é se colocar do ponto de vista do PT. O ministro Alexandre de Moraes toma pra si a
perspectiva da esquerda radical, para apartir dali situar os demais no espectro político.
É muito curioso que quem fale neste momento não seja a esquerda brasileira. Quem
saiu a falar foi o Supremo Tribunal Federal, pela boca de Alexandre de Moraes.
Entendam, caros leitores: A polarização política no Brasil hoje, se há, é com quem? É
com o PT? O PT saiu a fazer uma contra manifestação? Não. A esquerda abdicou de
fazer a política, abdicou do debate, da conquista da maioria, do enfrentamento de
ideias, a esquerda saiu das ruas, abandonou o espaço de debate político e delegou ao
Supremo Tribunal Federal o debate político e o enfrentamento da direita.

E quem disse isso não sou eu, quem disse isso foi um pensador reconhecido e amado
pela esquerda radical, o jornalista Breno Altman, que teve trecho de uma live
publicada no perfil @conexaopoliticabrasil. Ele comentou as ações do Supremo Tribunal
Federal (STF) contra o segmento político de direita no Brasil. Ele disse que não é aceitável
que o Judiciário Brasileiro cerceie a liberdade de expressão no Brasil e a democracia, com
a esquerda terceirizando o protagonismo político e colocando decisões de alto grau nas
mãos do Supremo: ¨Se o STF proíbe essa manifestação, significa dizer que as nossas
também podem ser proibidas em algum momento, e significa dizer que nós estamos
terceirizando completamente para o STF como obrigação de uma tarefa das forças de
esquerda. Nós não podemos acreditar que o cerceamento da liberdade de
manifestação, controlado por uma instituição da democracia burguesa como o STF,
seja o caminho para enfrentar o bolsonarismo, esse é o nosso erro, a terceirização do
protagonismo político. É a esquerda, não assumir o protagonismo político. Esse é o
problema, a essência do nosso problema. A transferência da tarefa de enfrentar a
extrema direita para as instituições e mantendo as pessoas em casa. A gente não está
convocando as pessoas para lutar. Nós estamos transferindo para o STF, proibir a manifestação seria o cúmulo dessa política. E proibir a manifestação com base no
quê?¨

Ou seja, até a esquerda está vendo que Lula da Silva delegou ao Supremo o debate
político partidário e lá colocou o seu advogado. Lá colocou o seu ministro do PCdoB,
porque jogou para lá o enfrentamento ideológico político. Quer quebrar a direita
valendo-se do Supremo, porque não consegue se valer das ruas.

Agora, as centrais sindicais começaram a chamar manifestações. Provavelmente Lula
vai esperar para ver se isso pega, se consegue juntar gente e só então que Lula vai
abrir a boca para convocar uma manifestação.

Quem convocou as manifestações de 25 de fevereiro? Bolsonaro. Apostou e levou.
Lula teria a mesma coragem? Acredito que não. Precisa fazer balões de ensaio com
as entidades sindicais para ver se consegue ganhar corpo. Lula consegue lotar a
praça pública? Hoje, ao que tudo indica, não. E esta é a democracia lulista, a
democracia que depende das instituições jogarem o jogo político e não da maioria,
não da opinião expressa da maioria. É claro que um ato político não expressa a
maioria da população. É um processo que o tempo dirá. O tempo dirá se a agressão
ao Congresso Nacional pelo Supremo será o suficiente para que o impeachment de
Lula seja desengavetado por Lira. Lembrando que nós tivemos deputados intimados
pela Polícia Federal no plenário do Congresso. Nós tivemos busca e apreensão em
gabinetes de deputados dentro da Câmara dos Deputados.

Era no mínimo necessário que o Parlamento Brasileiro tivesse a honradez, por seu
Presidente, de dizer à Polícia Federal, aqui dentro não, aqui dentro um deputado não
será intimado para depor por um crime de opinião. Faça isso lá fora. O Congresso é
soberano e manterá essa soberania.

O Congresso está sendo posto de joelhos. Provocações do Supremo ao Legislativo,
provocações também a Bolsonaro e ao PL. O PL com busca e apreensão na sede do
partido, com Bolsonaro convocado para depor no dia 22, que é o dia do número do
seu partido; aquela multa aplicada ao PL de 22 milhões, ou seja, são notas de
provocação do Supremo ao partido PL e ao Congresso.

A mídia internacional está vendo e divulgando o que está acontecendo no nosso país.
O jornalista Paulo Figueiredo, divulgado também, no perfil @conexaopoliticabrasil,
denunciou no dia 12/03, nos Estados Unidos, uma perseguição em massa, que tem
ocorrido no Brasil. De acordo com o comunicador, o país vive uma escala autoritária
sem precedentes, especialmente devido ações consideradas inconstitucionais
protagonizadas pelos Poderes Executivo e Judiciário. Figueiredo fez menção ao
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do Tribunal
Superior Eleitoral(TSE): "Senhoras e senhores, estou diante de vocês como um
testemunho vivo da crise da democracia no Brasil. Fui o jornalista político mais
assistido do país no horário nobre da TV a cabo. Naquela época, eu também tinha 5
milhões de seguidores em diversas plataformas de mídia social. Então, de repente,
minhas redes sociais foram bloqueadas no Brasil. Meu passaporte brasileiro foi
cancelado e minhas contas bancárias foram congeladas por ordem do Ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. 10 dias depois, no governo de
Lula da Silva, o Departamento de Justiça Brasileiro passou a me investigar", externou
o jornalista.

No dia 06 do presente mês de abril, outro jornalista, Michael Shellenberger, escreveu
uma carta aberta aos cidadãos brasileiros, alertando para a iminência de uma ditadura

no país: “A qualquer momento, o STF poderá bloquear todo o acesso ao Twitter/X para
o povo brasileiro. Não é exagero dizer que o Brasil está à beira da ditadura nas mãos
de um ministro totalitário do Supremo Tribunal Federal, chamado Alexandre de
Moraes.” O jornalista acredita que o Presidente Lula é parte desse processo que
levará o Brasil ao autoritarismo: “Desde que assumiu o cargo, Lula aumentou
enormemente o financiamento governamental dos principais meios de comunicação, a
maioria dos quais incentiva o aumento da censura”, observou, ao lembrar que os
brasileiros ainda têm meios para impedir o avanço do totalitarismo, como o direito ao
voto e o acesso às redes sociais.

O que acontecerá? A partir de que momento essa irritação vai chegar em um ponto
em que o povo irá para as ruas e o Congresso poderá agir livremente, sem receio dos
demais Poderes? Esse é o futuro que o Brasil assistirá. Enquanto a economia anda
mais ou menos bem, esse é um incentivo para que nada mais drástico aconteça. Um
soluço econômico que ninguém quer, pode quebrar de vez a paz de Lula da Silva, que
está viajando, passeando, tratando de assuntos internacionais e parece, como um
avestruz, enfiar a cabeça no buraco para não ver o gigantesco problema político que
ele tem para o seu governo.

Que problema é esse? É que o plano do PT falhou. A estratégia da esquerda era não
ter que tratar de política, não ter que lidar com o povo na rua, não ter que enfrentar
uma verdadeira oposição popular, porque o Supremo o ajudaria a silenciar o povo.
O silêncio de 8 de janeiro foi quebrado no dia 25 de fevereiro. O povo não aceitou a
estratégia da esquerda. O povo disse, não, nós vamos continuar indo às ruas! Nós
queremos participar do destino político do país. O destino do Brasil não será resolvido
numa reunião de compadres na Praça dos Três Poderes, o destino do Brasil, se nós
seremos uma verdadeira democracia, passa, sim, pela opinião do povo.

Por Alexandre Magno

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