A regra nos corredores do PL é colocar uma pá de cal e enterrar de vez a polêmica criada em torno da insatisfação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e com o ex-líder de governo Ricardo Barros (PP-PR), depois de os dois terem elogiado o presidente Lula (PT) e a administração federal. Mas os episódios ligaram um sinal de alerta na sigla, e a ordem agora é ter “bom senso” na relação com a gestão petista.

A intenção é evitar que situações constrangedoras se repitam em cidades importantes para o PL na disputa municipal e causem dificuldades para candidatos que desejem o apoio de Bolsonaro. “Se chegar um presente do Lula, a gente devolve”, brinca um dos dirigentes do partido em Minas.

O alarme na legenda teria disparado após o caso envolvendo o deputado Ricardo Barros, licenciado do cargo para assumir a Secretaria da Indústria e Comércio do Paraná. Barros elogiou o programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo Lula no último dia 22. Em uma rede social, o ex-líder de governo escreveu: “excelente iniciativa do governo federal”.

Barros tem pretensões de se candidatar, com apoio de Bolsonaro, ao cargo de senador, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decida cassar o mandato de Sergio Moro (União-PR), acusado de “abuso de poder econômico na pré-campanha eleitoral” em 2022. Porém, depois dos elogios à gestão petista, Bolsonaro teria feito chegar a Ricardo Barros sua insatisfação e a ameaça de que não vai apoiar candidato que demonstrar apreço por Lula ou pelo governo federal.

Lideranças do PL em Minas dizem que não existe nenhum tipo de recomendação ou proibição de elogiar o governo federal ou aparecer junto do presidente Lula, mas que o episódio mostra que é necessário prudência. “É bom senso. Se alguém for ser candidato pelo PL, partido do capitão Bolsonaro, não deve elogiar governo ladrão”, diz o deputado estadual Bruno Engler (PL), pré-candidato à Prefeitura de BH que já recebeu as bênçãos de Bolsonaro para a disputa.

A mesma linha de argumentação é seguida pelo deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), cotado para o pleito em Uberlândia. “Recomendação é clara e óbvia: somos contra a esquerda, esse câncer chamado ‘esquerda’”, disse.

“O PL é o maior partido de oposição ao PT e ao desgoverno Lula. Os candidatos do PL ou que serão apoiados pelo partido devem estar alinhados com nossos princípios de defesa da pátria, família e liberdade. O PL não fará alianças com o PT e, obviamente, quem apoia o PT não terá o nosso apoio e seguramente não terá o apoio do nosso presidente de honra Jair Bolsonaro”, disse o deputado federal Domingos Sávio, presidente do PL Minas.

Via de regra, a opinião dos parlamentares do PL é reforçar a fala de Valdemar dizendo que nunca houve problema com Bolsonaro e que qualquer mal-entendido já foi superado. “Nessa última semana teve um monte de comentários me associando ao Lula. Eu vou deixar claro para vocês que o PL escolheu o presidente Bolsonaro, e isso é irreversível; mas o que me deixou muito feliz é que o Bolsonaro me escolheu também”, afirma nota de Valdemar sobre a questão.

No caso de Ricardo Barros, que é do Progressistas e não do PL, como lembraram algumas lideranças ouvidas, a situação segue ainda aguardando uma definição. Mas serve como aviso principalmente aos candidatos do campo “conservador” que buscam contar com o apoio de Bolsonaro, mas seguem filiados a partidos que estão na base do governo Lula.

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