O ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi criticado duramente nas redes sociais por parlamentares do Distrito Federal após falas sobre Brasília em um evento em Salvador. Na ocasião, ele afirmou que “fazer o errado é o certo” para muitas pessoas na capital, que seria uma “ilha da fantasia”. Ele ainda criticou a transferência da capital, ocorrida há 63 anos, dizendo que os políticos ficaram “longe da vida das pessoas”. As declarações foram repudiadas até por aliados do PT e do PSOL.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o ministro mostrou que não conhece a capital brasileira.

“A declaração do ministro Rui Costa sobre Brasília é típica de quem não conhece a cidade e o DF. Se existe uma ‘ilha da fantasia’, ela é habitada justamente por quem só consegue enxergar aqui tapetes e gabinetes. Se ele quisesse criticar o sistema político, composto majoritariamente por pessoas de fora de Brasília, que o fizesse diretamente, sem ofender a cidade”, reclamou a deputada, que continuou:

“Aqui é a capital da República, terra de gente trabalhadora. Gente que trabalha, produz, estuda, que sofre com a falta de serviços públicos, que dança, que ri, que se manifesta das mais diversas formas e que, além de tudo isso, sedia e recebe muito bem quem vem para cá trabalhar pelo país. Convido o ministro a conhecer a riqueza da nossa gente e da nossa cultura. Assim, tenho certeza que ele aprenderá a respeitar Brasília, o DF e o seu povo”.

O deputado distrital Chico Vigilante (PT) também foi ao ataque contra o chefe da Casa Civil. “A fala do ministro Rui Costa, em um evento na Bahia, de que Brasília é uma ilha da fantasia, mostra um completo desconhecimento da capital federal. Diante disto, o convido para conhecer o Sol Nascente, a Estrutural, o Pôr do Sol, e outros, para que conheça o verdadeiro DF”, reagiu.

Na mesma linha de Erika Kokay, ele afirmou que a região é formada por um “povo trabalhador” e fez convite semelhante·

“Por isso, aproveito para convidar o ministro pra conhecer o setor industrial da Ceilândia e a nossa zona rural tão produtiva de café, soja, milho, frutas… ele irá se surpreender! A dificuldade aqui não é tão diferente dos morros de Salvador”, afirmou, em referência à capital da Bahia, Estado no qual Rui Costa foi governador.

Também deputado distrital, Fábio Felix (PSOL) afirmou que a declaração é “lamentável” e “demonstra puro preconceito, deconhecimento e uma leitura preguiçosa da situação do DF”.

Segundo ele, o “sonho da capital vibra no coração de cada morador, que luta todos os dias para fazer essa cidade funcionar e ser orgulho nacional”. “Isso tudo apesar de nossos governantes locais, que negligenciam políticas públicas e não se esforçam o suficiente no combate à desigualdade social. Respeite o DF, Rui Costa! O governo federal não deve emitir posições xenofóbicas e extremamente infelizes sobre nem um Estado da federação!”, completou.

Max Maciel (PSOL), também deputado distrital e que aponta com frequência a desconexão entre a vida no plano piloto e no entorno da área central da capital, ironizou: “A fala do ministro Rui Costa reflete a verdade: Somos uma ilha. Ora, imagina a Brasília que ele conhece: da Esplanada a Península dos Ministros. E a que conhecemos: Dos hospitais sem médicos; Cidades sem equipamentos culturais/lazer; 270mil desempregados
Ilha da contradição!”, enfatizou.

Mais críticas

Também fora da esquerda as críticas foram duras. O governador Ibaneis Rocha (MDB), por exemplo, afirmou que as declarações eram “infelizes”. “É triste ver que alguns políticos não têm a menor noção do que Brasília representa para o Brasil. Declarações infelizes só servem para aumentar o clima de animosidade que devemos combater no país. O Brasil pede paz para que possamos trabalhar em benefício de todos, afirmou nas redes sociais.

O governador ainda afirmou que “Brasília tem os mesmos problemas das outras metrópoles brasileiras”. “E vai além, porque atrai pessoas de todos os estados, incluindo parlamentares e ministros, atende cidadãos de todo o mundo e representa o país”, disse. 

Ele ainda cobrou recursos, em meio à decisão do Câmara que colocou o Fundo Constitucional no teto de gastos, o que deve fazer com que o Distrito Federal perca repasse de verbas. O projeto ainda precisa ser votado no Senado “Brasília não foi projetada para abrigar indústrias, não tem território para competir na produção agrícola e precisa receber da União o que investe para abrigar de maneira competente toda a administração federal, as embaixadas e organismos internacionais, disse.

Ele ainda afirmou que “para alguns políticos, Brasília se limita ao que eles veem pelas janelas de seus gabinetes”. “Fariam melhor, se fossem conhecer de perto os problemas da população mais humilde, na maioria migrantes da Bahia, Piauí, Paraíba e outros estados, que buscam oportunidade e uma vida menos sofrida”, completou.

O senador Izalci (PSDB) foi outro que apontou desconhecimento por parte de Rui Costa e citou a decisão que pode derrubar os repasses à capital. “Convido o ministro Rui Costa a conhecer a realidade do DF. O desconhecimento é tanto que colocaram uma emenda no arcabouço fiscal prejudicando o Fundo Constitucional do DF e, consequentemente, os serviços públicos básicos para quem mora aqui. Lamentável!”.

A senadora Damares Alves (Republicanos) afirmou que a fala é “desnecessária” e se dá “dias antes da votação do arcabouço fiscal no senado”. “Muito triste. Em tempo: acho que o ministro podia transferir o gabinete dele para o Sol Nascente e seu apartamento funcional para a 26 de Setembro. Assim ele vai ver a dificuldade que nosso povo querido passa na ‘ilha da fantasia’. Mas não vamos nos desanimar. Bora continuar nossa luta!”, encerrou.

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