A senhora está em Minas Gerais desde a última sexta-feira. Qual o objetivo da visita?
A gente quer reafirmar o trabalho de proteção da criança, da família, da proteção dos nossos jovens. Nós precisamos discutir políticas públicas para a juventude. Eu sou a autora do projeto de lei que institui a política nacional para a juventude. Nós recebemos um relatório muito triste da OCDE. O Brasil é o segundo país com mais jovens desocupados no mundo e nós precisamos falar sobre isso.
Qual a avaliação que a senhora faz do governo brasileiro em relação à participação das mulheres na política?
É um governo de discurso. O que a gente tem observado é que a política pública para a mulher neste governo foi totalmente desmontada. Me mostre um projeto apresentado por este governo para proteção de mulheres. O governo Bolsonaro entregou para o Brasil o Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio. Aí a gente pega esse governo com o Ministério da Mulher e a gente fica procurando o que eles fizeram de grande em dez meses? O que a mulher mais quer hoje? Ela tem propriedade e quer segurança jurídica, e Bolsonaro foi o presidente que mais entregou titularização na área rural no nome de mulheres. Mais de 400 mil títulos de propriedade, sendo que desses, mais de 80% foram em nome de mulheres. Falou-se muito que esse governo teria representatividade. As mulheres não estão nos espaços de poder e de decisão como eles disseram que aconteceria. A esquerda sempre usou a pauta da mulher como discurso.
Nessa agenda em Minas, a senhora passou por algumas cidades, e alguns desses encontros aconteceram em igrejas evangélicas. A senhora enxerga um país menos cristão?
Não, de jeito nenhum. Porque é que eu estou voltando para a igreja? Porque eu preciso reanimar a igreja, estar participando mais ativamente das decisões da sociedade. O IBGE apresentou números que apontam que, em 2032, a igreja evangélica será maior que a igreja católica no Brasil. Nós podemos dizer assim, com clareza, que nós somos mais de 70 milhões de brasileiros. Não se pode subestimar essa multidão. A igreja evangélica faz grandes entregas para a sociedade. Ela saiu mais do templo, saiu dos seus assuntos domésticos e está interagindo com a comunidade. A igreja é uma agência forte para grandes transformações na sociedade.
Um ano depois das eleições de 2022, o que a senhora acha que o Brasil mais perdeu com a não reeleição do Bolsonaro?
Brasil perdeu na área de segurança pública. Os números começam a assustar, eles não estão dando conta de conter o crime organizado. Isso é assustador. O feminicídio cresceu, o assassinato de crianças cresceu. Quando nós estávamos no governo anterior, nós tínhamos alguns pactos de enfrentamento à violência e ao crime organizado. Nós batíamos recordes de apreensão de drogas. Nós batemos recordes nas grandes operações de enfrentamento a pedofilia no Brasil. Eles não estão com grandes operações, eles não estão enfrentando como deveriam o crime organizado. Em três anos do governo anterior, diminuiu em 43% o número de mortes violentas de crianças no Brasil. A Unicef tinha um relatório em 2018 que, por dia, eram assassinadas 32 crianças e adolescentes no Brasil. Em três anos, buscando os dados do Datasus, o número de crianças que morreram por mortes violentas caiu 43%. Perdemos na segurança pública, perdemos na economia. Nós estamos perdendo investimentos, empreendedores, incentivos. O Brasil está um caos. Nós perdemos muito com o governo de esquerda conduzindo a nação numa hora de retomada econômica pós-pandemia, entregamos o país para quem não sabe administrar.
O ex-ministro Onyx Lorenzoni disse que a própria esquerda faria com que os brasileiros pedissem a volta da direita. A senhora acredita nisso?
Já está acontecendo. Prefeitos que foram eleitos com a pauta da esquerda estão arrependidos. Nós estamos vendo partidos de esquerda, o PDT, que foi base deste governo, já saindo da base. Nós estamos vendo os movimentos (sociais) criticando. Os próprios indígenas estão falando que o que ele (Lula) prometeu não foi cumprido.
