A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, agradeceu Lula e outros presidentes que se manifestaram contra impedimento de candidaturas

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, agredeceu o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pela condenação ao impedimento da candidatura dela e de sua substituta, Corina Yoris, à eleição presidencial marcada para 28 de julho. Impedindo opositores de concorrerem, censurando a imprensa e controlando os poderes legislativo e judiciário, Nicolás Maduro deve ser reeleito para um terceiro mandato e chegar a 18 anos no poder.

Em uma entrevista coletiva conjunta na quinta-feira (28) em Brasília, ao fim de uma visita de Estado de três dias de Emmanuel Macron, Lula afirmou ser “grave” a exclusão de candidaturas de oposição na Venezuela. Brasil e França se juntaram à Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai que já haviam expressado em um comunicado conjunto “preocupação com o impedimento do registro” de candidaturas da oposição.

“O dado concreto é que não tem explicação. Não tem explicação jurídica, política, você impedir um adversário de ser candidato. Aqui no Brasil todo mundo sabe que todos os adversários serão tratados nas mesmas condições. Aqui é proibido proibir. A não ser que tenha uma punição judicial e que essa punição garanta o direito de defesa das chamadas pessoas prejudicadas”, afirmou Lula.

Macron, que falou logo após Lula, disse concordar com o posicionamento do brasileiro. No entanto, ele foi mais direto e declarou que não se pode considerar “como democrática” as eleições na Venezuela diante de tudo o que está acontecendo. O francês defendeu que todos os opositores que tiveram candidatura barrada sejam reintegrados.

Líder da oposição faz apela a líderes mundiais
Na sexta-feira, María Corina Machado, que vinha liderando as pesquisas de intenção de votos na Venezuela, após vencer com folga as primárias da oposição, além de agradecer Lula e outros chefes de Estado, apelou à comunidade internacional para pressionar pela candidatura de Corina Yoris, de 80 anos.

“Faço um apelo para que os líderes democráticos do mundo se unam aos esforços de presidentes e governos em exigir ao regime de (Nicolás) Maduro que permita a inscrição de Corina Yoris como candidata nas próximas eleições presidenciais”, escreveu Machado na plataforma X.

“Agradeço aos presidentes [francês] Emmanuel Macron, [brasileiro] Luiz Inácio Lula da Silva e [colombiano] Gustavo Petro por suas posições nas últimas horas, que reafirmam que nossa luta é justa e democrática”, acrescentou a opositora.

A principal coalizão de partidos acabou inscrevendo “provisoriamente” de última hora Edmundo González Urrutia, enquanto termina de definir seu candidato. No total, foram registrados 13 candidatos, incluindo Gonález; Manuel Rosales, ex-adversário do falecido Hugo Chávez; Maduro; um ex-dirigente eleitoral e nove líderes que se apresentam como antichavistas, mas são tachados pela oposição tradicional de “colaboracionistas” do governo.

Itamaraty emitiu nota e falou em “preocupação” com a Venezuela

Já na terça-feira (26), O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota dizendo que “o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral” da Venezuela.

É a primeira vez desde o início do terceiro mandato que o governo brasileiro critica publicamente o regime da Venezuela. No ano passado, Maduro e a oposição assinaram um acordo, com apoio do Brasil, dos Estados Unidos e da União Europeia, que previa eleições livres e justas na Venezuela.

Em troca do cumprimento do chamado Acordo de Barbados, líderes dos EUA e da Europa passaram a trabalhar com a possibilidade do fim dos embargos econômicos à Venezuela. Na nota desta terça-feira, o Itamaraty a posição brasileira de considerar ilegais as sanções econômicas aplicadas pelos EUA à Venezuela. “O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.

Venezuela diz que nota do Itamaraty ‘parece ter sido ditada pelos EUA’

O governo da Venezuela repudiou a reação da chancelaria brasileira em comunicado.

Segundo a nota do Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da República Bolivariana da Venezuela, a nota do Itamaraty foi “cinzenta e intervencionista” e “parece ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, no qual são emitidos comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela.”

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