“É tempo para ambição máxima e flexibilidade máxima”. Foi este o apelo deixado esta segunda-feira pelo secretário-geral das Nações Unidas para a reta final das negociações da Conferência sobre Alterações Climáticas, a decorrer no Dubai. António Guterres sustenta que é preciso salvaguardar as metas assumidas no Acordo de Paris.

“Estamos numa corrida contra o tempo”, afirmou Guterres, em declarações aos jornalistas, no dia em que se iniciam as derradeiras negociações da COP28. A única via, na perspetiva defendida pelo secretário-geral da ONU, é um ponto final aos combustíveis fósseis.

O texto final deverá conter alguma referência aos combustíveis fósseis, questão que não é, todavia, consensual entre as partes.

Segundo o antigo primeiro-ministro português, “é essencial” que o Global Stocktake – mecanismo de avaliação dos progressos no âmbito do Acordo de Paris – “reconheça a necessidade de iniciar a eliminação de todos os combustíveis fósseis num período consistente com a meta de 1,5ºC e de acelerar uma transição energética justa para todos”.O Acordo de Paris, adotado em 2015, estabeleceu como objetivos a redução das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera e a limitação do aumento das temperaturas mundiais além de 2ºC acima dos valores da época pré-industrial; preferencialmente, que não aumentem além de 1,5ºC.

Por ora, repousam sobre a mesa diferentes fórmulas sobre o tema dos combustíveis fósseis: duas destas, contestadas pelos produtores de petróleo, referem a eliminação dos combustíveis fósseis; outras duas apontam para o fim dos combustíveis fósseis em que não é possível a captura de carbono, os denominados unabated.

“Não significa que todos os países tenham de eliminar os combustíveis fósseis ao mesmo tempo, mas que, globalmente, a eliminação tem de ser compatível com a neutralidade carbónica até 2050 e a limitação do aumento da temperatura a 1,5ºC”, vincou António Guterres.

“Situação financeira dramática”

Ainda segundo Guterres, é também tema fundamental a ambição quanto à adaptação às alterações climáticas, igualmente pouco consensual.

O responsável defendeu um esforço acrescido entre os maiores emissores de gases com efeito de estufa, por via de mais financiamento climático, além de mecanismos que aliviem a “situação financeira dramática” de muitos dos países em desenvolvimento.

“Uma das coisas essenciais é que todos os compromissos assumidos por países desenvolvidos sejam implementados de forma transparente, mas não vamos resolver os problemas de equidade em relação ao clima apenas com financiamento climático”, enfatizou.Guterres defende mecanismos de alívio da dívida e o aumento de capital e mudança do modelo de negócio dos bancos internacionais multilaterais.

“Os próximos dois anos são vitais”, afirmou Antínio Guterres, que espera que as delegações se despeçam do Dubai “com uma compreensão clara daquilo que é exigido entre este momento e a COP30”, marcada para 2025 no Brasil.

A COP28 teve início a 30 de novembro e decorrer até terça-feira.

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