Os olhos do pequeno Miguel Lorenzo se perdem em meio ao brilho das inúmeras luzes. Entre um aceno e outro, poucos abraços. A música alta, quase ensurdecedora, é um misto de incômodo e êxtase, já que os sons agitam um pouco mais quem convive com o transtorno do espectro autista. Mas tudo acaba pequeno diante do largo sorriso de quem se sente confortável em casa. “Papai, quando vamos ao Mineirão?”, pergunta sempre o menino, de 8 anos, a Rodrigo Arruda, de 40. Cruzeirenses, pai e filho colecionam momentos no estádio, que tem tudo para ficar ainda mais azul e se transformar de vez na casa estrelada. No próximo domingo, inclusive, se considerarmos o período pós-reforma para a Copa do Mundo de 2014, será a 298ª vez que o Cruzeiro entra em campo na Pampulha.

Desde que a Arena MRV foi inaugurada, em 27 de agosto e a consequente ida do Atlético para o estádio do bairro Califórnia, o Gigante da Pampulha passa a ser quase que exclusivamente da China Azul. O América segue tendo o Independência. Ao que tudo indica, a partida diante do Bahia, em 25 de outubro, será a de número 300 da equipe celeste no ‘Novo Mineirão’. Considerando o período desde a inauguração do estádio, em 1965, até aqui foram 1.857 jogos, com 1.138 vitórias, 424 empates e 295 derrotas, e mais de 3.600 gols marcados pela Raposa – precisamente 3.613 gols a favor – ao longo destes 58 anos. Tostão é o maior artilheiro estrelado na Pampulha, com 135 bolas na rede. O uruguaio Arrascaeta, com 30, é o que mais balançou a rede pelo Cruzeiro depois da reforma.

O casamento entre Mineirão e Cruzeiro começou em 1965, mas, neste 2023, o clube chegou a descartar o estádio como ‘casa’. A briga mais recente entre as partes, inclusive, precisou da intervenção do Estado, que em reuniões ao longo do ano ‘aparou as arestas’ para que a Raposa voltasse à Pampulha. O Cruzeiro alegava que os valores cobrados pela Minas Arena eram altos. A Minas Arena, por sua vez, mostrou que o custo por torcedor aos clubes para jogar no Mineirão era de cerca de R$ 10.

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Segundo Ricardo Alves, doutor em Estratégias Organizacionais e coordenador do curso de Gestão do Futebol da CBF Academy, as reclamações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) a respeito dos valores cobrados pela gestão do estádio não vieram em boa hora, principalmente porque a segunda opção é o Independência, que possui praticamente um terço da capacidade do Mineirão e não caiu nas graças da torcida. Para ele, Ronaldo alardeou uma situação que poderia ter ficado entre quatro paredes.

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