A crise resumida em uma semana. Esta é a realidade do Cruzeiro nos últimos seis dias. E no sétimo, que é este sábado (16), a mais dura delas pode ser matemática, a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro.

Desde a metade de 2019 o clube vive a maior turbulência da sua história, agravada com a queda para a Segunda Divisão, o que provocou perdas significativas de receitas e o caos num clube que tem dívida que ultrapassa R$ 1 bilhão.

Todos os problemas da instituição e reclamações dos seus torcedores foram registrados a partir do último domingo (10), numa sequência de fatos fora e dentro de campo que escancaram o “Novo Cruzeiro”.

Domingo (10/1)
O novo diretor de futebol André Mazzuco é apresentado. Numa foto publicada pelo clube, ele aparece num dos campos da Toca II com Felipão, Deivid, que virou diretor técnico, o que não agrada a torcida, e Benecy Queiroz, que a diretoria garante que não atua mais no futebol cruzeirense, sendo apenas prefeito do CT, mas que está sempre presente, inclusive em jogos.

Segunda (11/1)
O volante Jadsom Silva, revelação da base, não aparece para treinar, o que deixa no ar a possibilidade de um pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho pelo não pagamento de salários e outras obrigações do clube. Isso já tinha sido feito por outras revelações cruzeirenses, como Fabrício Bruno e Éderson, no início do ano passado.

O zagueiro Dedé, que não treinou no Cruzeiro neste ano, entre na Justiça do Trabalho pedindo a rescisão contratual, que não foi concedida, mas com uma ação de R$ 35 milhões, pedindo inclusive danos morais.

Terça (12/1)
Após o último treinamento antes da partida contra o Oeste, os jogadores comunicam que não iriam se concentrar como protesto não só pelos três meses de salários atrasados, mas pela falta de satisfação da diretoria em relação à situação.

A desconfiança do dia seguinte se concretiza e Jadsom Silva pede mesmo a rescisão do seu contrato com o clube, o que é indeferido, mas entra com uma ação trabalhista contra o Cruzeiro e não faz mais parte do grupo de Felipão.

E o treinador perde mais uma peça, o atacante Arthur Caíke, que rompe seu vínculo com o clube para ir jogar no futebol japonês.

Quarta (13/1)
O Cruzeiro perde para o lanterna Oeste por 1 a 0, no Independência, e as remotas chances de acesso à Série A ficam ainda menores. Existe uma pequena e improvável probabilidade matemática, que equivale a 1 em 600.

Após o jogo, frases fortes de duas peças importantes do grupo. Ainda no gramado, Rafael Sóbis garante em entrevista à Rede Globo: “Momento difícil. Jogadores daqui são heróis, muita coisa acontecendo, muito difícil. Vocês não sabem 10% do que está acontecendo. Vamos lutar”.

Na coletiva, Felipão dispara: “O problema do Cruzeiro é mais sério do que se imagina, ou que eu acreditava quando cheguei e que a direção (imaginou) quando montou a equipe. Temos que conversar com a direção, mostrar o que temos pela frente, como pretendemos fazer”.

Quinta (14/1)
O presidente Sérgio Santos Rodrigues vai à Toca da Raposa II falar com jogadores e comissão técnica. Mas não fala com os demais funcionários, o que cria um clima ainda pior no centro de treinamentos.

O dirigente revela que não tem previsão para fazer os pagamentos do futebol. Que o administrativo deve receber uma folha na próxima segunda-feira (18).

Sexta (15/1)
Em matéria do jornal O Tempo é publicado o relato de um funcionário do clube que reclama da postura da diretoria em relação aos colaboradores: “As pessoas do clube são muito arrogantes, da forma de negociar com quem eles devem, de tratar os funcionários. Tem jogador que saiu do Cruzeiro com uma relação muito boa, mas que com todas as situações que vêm atravessando não conseguem falar a palavra Cruzeiro mais, justamente pelas pessoas que estão lá, que não sabem conversar direito, desfazem, ignoram”.

Sábado (16/1)
A partida contra o Juventude, às 19h, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, poderia ser um confronto direto por vaga no G-4 da Série B. Mas a fragilidade do projeto futebol, confiado por Sérgio Santos Rodrigues a Deivid, impede que isso aconteça.

A quatro rodadas do final da Segundona, a oito pontos do grupo que garante vaga na próxima Série A, e com a mesma diferença em relação à zona de rebaixamento, a Raposa faz praticamente um “amistoso” no interior gaúcho.

O final melancólico de uma temporada resumido em uma semana.

próximo artigoNa batalha pelo tricampeonato da Série B, América defende a ponta diante do Botafogo-SP
Artigo seguinteModa: tendências para o Verão 2021

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Please enter your comment!
Please enter your name here