A reeleição de Alexandre Kalil (PSD) para a Prefeitura de Belo Horizonte no primeiro turno, com 63,36% dos votos, credencia o atual ocupante do cargo como um dos principais líderes políticos do Estado. Kalil vive momento chamado na política de “vitória de pico”, ou de consagração. E, de quebra, desponta como forte candidato ao governo mineiro, em 2022, segundo analistas.

O cientista político Rudá Ricci elenca algumas vantagens que permitiram a vitória de Kalil. A primeira foi a “gestão” da pandemia da Covid-19. Para ele, o prefeito teria agido com firmeza na tomada de decisões que preservaram vidas na capital, sobretudo ao manter o isolamento social por mais tempo, e por sustentar o fechamento do comércio por meses.

“Agiu como um pai”, diz o cientista político. “Pesquisa feita no país com jovens e adultos de 15 a 39 anos revelou que 75% tinham medo de adoecer ou de perder um familiar próximo para a Covid-19. O brasileiro pode fingir que não está com medo, mas estudos como esse confirmaram que há um medo muito grande da pandemia”.

Outro trunfo de Kalil, ainda de acordo com o cientista, foi ter reunido em seu governo vários grupos antagônicos.

“As secretarias da área social, por exemplo, têm gente do PT e do PCdoB. Não é à toa que o Nilmário Miranda amargou índices tão baixos de intenção de voto”, observou.

Além disso, destaca, o primeiro líder do governo na Câmara foi Gilson Reis, do PCdoB, que atraiu muita gente de esquerda e de direita para apoio ao Executivo municipal, a exemplo de Leo Burguês (PSL), atual dono da função.

Já para o também cientista político Carlos Ranulfo, a vitória de Kalil se deve a dois fatores: boa avaliação da gestão, desde que assumiu a prefeitura, e, principalmente, durante a pandemia; e a fragilidade dos adversários. “Além de Kalil ter feito bom mandato segundo os eleitores, enfrentou concorrentes frágeis no sentido de que eram pouco conhecidos. Nenhum deles, por exemplo, havia tentado cadeiras no Executivo municipal antes. Alguns até tinham projeção, mas não de maneira suficiente”, ponderou Ranulfo.

Reeleito vai priorizar retomada do comércio após a pandemia

Ao se pronunciar já com a vitória assegurada, ontem à noite, o prefeito reeleito Alexandre Kalil garantiu que não há definição sobre uma eventual candidatura dele ao governo estadual, em 2022.

“Não fiz compromisso nenhum com ninguém, nem que vou construir viaduto ligando o Sion e o Belvedere e muito menos que vou ficar dois ou quatro anos (na PBH)”, disse, em frente ao prédio onde mora, em Lourdes. “Não faço compromisso nem com a poda de árvore, mas vamos fazer o que for preciso, o que for melhor para Belo Horizonte, isso eu garanto para todos”, reiterou.

Kalil também destacou que um dos principais compromissos será com a retomada do comércio da cidade, severamente impactado durante a pandemia. “Agora que estou eleito, é hora de ajudar esse povo (comércio), que quase quebrou. É simples assim”.

Para o cientista político Rudá Ricci, mesmo com vitória consagradora, Kalil terá desafios no novo mandato. O primeiro deles é justamente a reconstrução da economia da cidade e da estrutura social para os mais pobres. Outro será a volta das aulas presenciais nas redes de ensino. Um terceiro diz respeito à eventual candidatura ao governo.

Kalil teria de preparar seu vice, o ex-secretário de Fazenda Fuad Noman (PSD), para assumir seu lugar à frente do Executivo. Além disso, ele próprio teria de levar seu nome ao conhecimento do eleitor do interior de Minas. “Ele pode começar trabalhando mais a região metropolitana”, diz Ricci. (Com Marina Proton e Luisana Gontijo).

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