A Polícia Federal deve ouvir nesta quarta-feira (16) o hacker Walter Delgatti Neto. Ele será questionado sobre tentativas de invadir sistemas de informática do Poder Judiciário para prejudicar, com fraudes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal (STF), e desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro. Também será perguntado sobre suposto plano para interferir em urnas eletrônicas por meio do código-fonte.

Há uma expectativa para o fechamento de acordo de delação premiada. O hacker já admitiu a tentativa de invasão e disse ter sido contratado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para executar os supostos planos criminosos que teriam como beneficiários ela, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros aliados.

Para que a PF aceite a delação, Walter Delgatti terá que apresentar elementos sobre episódios em que ele teve participação ativa, como uma reunião com o Bolsonaro e militares ligados ao Ministério da Defesa para tratar da segurança de urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

A PF encontrou pagamentos de dois assessores de Zambelli ao hacker Walter Delgatti de forma fracionada. Diante das provas apresentadas pela PF, Zambelli reconheceu, em entrevista coletiva, os pagamentos. Mas ela alegou que os valores seriam destinados apenas para pagamento de serviços prestados pelo hacker.

Ainda segundo a deputada, Walter Delgatti  foi contratado para cuidar das redes sociais dela. Ele nega. E à época de tal contratação, jamais poderia ter acesso a redes sociais, pois a restrição fazia parte das medidas cautelares impostas pelo STF para deixar a cadeia e responder a processo em liberdade.

“Os pagamentos foram sempre relacionados ao site, para ele fazer melhorias no site, fazer firewall no site e ligar as minhas redes sociais ao site, que ele próprio disse que não conseguiu realizar essa tarefa. Inclusive, deveria ter tido até a devolução [do dinheiro]”, argumentou Zambelli em coletiva na Câmara.

Bolsonaro se encontrou com o hacker no Palácio da Alvorada

A deputada já admitiu, após revelação feita por reportagens, ter levado o hacker ao encontro do então presidente Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, no ano passado, quando Walter Delgatti já era investigado e tinha que cumprir medidas cautelares. O assunto tratado, segundo a própria parlamentar, foram as urnas elétricas.

Também após revelação de reportagens, a Presidência da República confirmou o encontro de Bolsonaro com o hacker dentro da residência oficial, mas negou qualquer ilegalidade. Segundo Walter Delgatti, Bolsonaro pediu para ele mostrar se era possível invadir o sistema das urnas eletrônicas.

No mesmo dia, Walter Delgatti foi levado ao Ministério da Defesa para encontro com militares escalados para apontar supostas fragilidades do sistema eleitoral brasileiro, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que permitiu inspeção a representantes de diversos setores justamente para mostrar transparência e confiabilidade.

Em depoimento, Walter Delgatti disse que foi ele, e não técnicos das Forças Armadas, quem fez o documento entregue ao TSE com questionamentos sobre o sistema das urnas eletrônicas. Nunca houve qualquer comprovação de irregularidades no sistema do TSE, nem nas duas urnas.

Carla Zambelli não compareceu a depoimento na PF

Delgatti está preso desde 2 de agosto sob a acusação de ter invadido sistemas de tecnologia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na mesma operação que os policiais prenderam Delgatti, houve o cumprimento de mandados de busca nos endereços de Carla Zambelli.

Zambelli era esperada para depor à PF em 7 de agosto, mas o depoimento foi adiado, a pedido da sua defesa. O advogado Daniel Bialski pediu acesso à íntegra do inquérito. Também foi informado pela defesa que Zambelli não responderia a perguntas sobre seu suposto envolvimento com o hacker, pois não teve acesso aos autos do processo.

A PF planejava convocar a parlamentar para depor novamente, mesmo antes de adiar o depoimento a pedido da defesa. No entanto, até o momento, a data para esse novo depoimento ainda não foi definida.

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