A prática regular de exercícios físicos pode reduzir pela metade o risco de ocorrência do diabetes tipo 2, mostra um estudo divulgado na revista Jama. Os pesquisadores avaliaram os efeitos isolados dessas atividades no organismo humano dando foco nas aeróbicas, como fazer caminhadas e corridas ou andar de bicicleta. A intenção era estudar os benefícios gerados por uma vida não sedentária sem que houvesse mudanças nos hábitos alimentares.

“Estudos anteriores produziram resultados benéficos de intervenção no estilo de vida para a prevenção de diabetes. Essas pesquisas avaliaram exercícios combinados com dieta e envolveram indivíduos com problemas de glicose. No ensaio atual, os programas de exercícios durante a intervenção de um ano foram rigorosamente treinados e supervisionados e todos os participantes foram instruídos a não mudar sua dieta”, detalham os autores do artigo, liderados por Xiaoying Li, da Universidade de Fudan, na China.

Para eles, a redução pela metade no risco de surgimento da doença metabólica pode estar associada ao controle da obesidade. Integrante da Associação Brasileira de Nutrologia, Marcella Garcez avalia que a pesquisa é um reforço na importância das orientações para mudanças no estilo de vida, na dieta e na prática de atividade física regular. “Tudo isso complementado ao tratamento medicamentoso para a prevenção e o tratamento das situações clínicas pré-diabetes, como resistência insulínica, intolerância à glicose, obesidade visceral e esteatose hepática”, afirma a nutróloga.

No total, a análise dos pacientes durou 10 anos. Na primeira fase, 208 participantes com obesidade adotaram diferentes rotinas de atividade física sem alterações na dieta: exercícios intensos, rotina moderada de atividades físicas ou nenhuma prática. Durante um ano, eles foram supervisionados por profissionais para garantir o cumprimento das metodologias. Para os nove anos seguintes, receberam a orientação de manter a rotina.

Durante o período, os autores também puderam observar medidores de saúde, como a incidência de diabetes, peso corporal e circunferência abdominal. Os números foram compilados após dois anos da primeira etapa e, de novo, oito anos depois. Entretanto, não foram todos os participantes que continuaram na análise. Dos 208 participantes no início da pesquisa, 179 chegaram ao fim do estudo.

Os dados finais mostraram que o grupo que não praticou exercícios físicos apresentou uma incidência, por ano, de quatro casos de diabetes a cada 100 pessoas. Entre aqueles que se exercitam, tanto de forma intensa quanto moderada, a taxa caiu para dois. “(Os resultados) são favoráveis ao exercício físico como um esquema eficaz para o controle da obesidade a fim de retardar a progressão para diabetes tipo 2”, enfatizam os autores.

Para começar

De acordo com a endocrinologista do Hospital de Brasília Jamilly Drago, é recomendado no mínimo 150 minutos por semana de exercícios físicos. “De 30 a 40 minutos e de três a quatro vezes na semana. Depois, a intensidade é aumentada para 250 minutos semanais, com o acréscimo de exercícios de resistência, como musculação, crossfit e pilates”, explica.

A especialista lembra, ainda, que uma redução pequena no peso corporal é suficiente para usufruir dos benefícios à saúde. “Se você perde 5% do peso por qualquer método — dieta, atividade física ou medicamento, não importa —, isso já é capaz de diminuir a frequência do diabetes.”

Proteção também cardiovascular

“Quando se trata de exercício, a gente fala muito no risco cardiovascular também. Quando o paciente tem uma cintura abdominal muito aumentada, ele tem o maior risco de ter um infarto ou um derrame. Quando há a diminuição de cintura abdominal, temos uma menor incidência desse desfecho. Então, há uma menor incidência do diabetes tipo 2 também. Na mulher, a medida ideal de cintura abdominal é até 88 cm e, no homem, até 102 cm. Porém, há ressalvas em relação a algumas etnias. Por exemplo, nos asiáticos, essa medida é bem menor.”

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