O parto prematuro é a principal causa global de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade. No ranking mundial dos países com mais nascimentos prematuros, o Brasil ocupa o 10º lugar. Nesse contexto, é natural que pais e responsáveis de prematuros se preocupem com o desenvolvimento do bebê. Mas mesmo para as crianças nascidas dentro do prazo previsto, com idade gestacional de 37 a 42 semanas, é normal que a aquisição de habilidades seja variável, de acordo com o ritmo de cada criança.

No Dia Mundial da Prematuridade, o Ministério da Saúde reforça que, no caso de bebês prematuros, a avaliação do desenvolvimento deve ser considerada a partir da idade corrigida e não da idade cronológica, durante os primeiros dois anos de vida.

Mas qual a diferença de idade cronológica e corrigida?

Uma criança que nasce no dia 21 de setembro, com 32 semanas de gestação estará, em 21 de dezembro, com 3 meses de idade cronológica e 1 mês de idade corrigida. Isso porque ela nasceu dois meses (8 semanas) antes da idade gestacional de 40 semanas.

Bebês com 37 semanas ou mais já são apontados como “a termo” (dentro dentro do prazo previsto), mas a idade gestacional considerada padrão sempre será de 40 semanas. Entre as principais diferenças de comportamento entre bebês que nasceram prematuros e bebês a termo, estão:

  • Prematuros passam menos tempo acordados;
  • Prematuros ficam menos alertas e responsivos quando acordados;
  • Prematuros são menos ativos e intercalam períodos de agitação;
  • Prematuros despertam agitados com mais frequência à noite;
  • Prematuros possuem hipotonia dos músculos do pescoço (diminuição do tônus muscular);
  • Prematuros demandam aleitamento materno em intervalos mais curtos.

As crianças prematuras também demandam um período maior para alcançar os marcos do desenvolvimento, por exemplo: elas podem demorar mais para adquirir habilidades motoras, como firmar a cabeça, sentar sem apoio e andar.

Nos primeiros três meses, o bebê prematuro tem longos períodos de sono e, quando acordado, demanda alimentação. Esses períodos variam de acordo com o grau de prematuridade. Os pais podem, nos períodos de interação com a criança acordada, favorecer o desenvolvimento da linguagem, por meio da voz, do aconchego no colo ou na posição canguru.

Desenvolvimento motor e cognitivo

A assistência contínua é essencial para o pleno crescimento e desenvolvimento de bebês prematuros, segundo Janini Ginani, coordenadora da Saúde da Criança do Ministério da Saúde. “Entre as recomendações no SUS estão os ambulatórios de seguimento dos recém-nascidos egressos das unidades neonatais. Nesse ambiente eles podem ser acompanhados por pediatras e por equipes multiprofissionais. Assim, é possível identificar precocemente atrasos no desenvolvimento e oferecer estímulos para progredir aptidões”, explica.

Aspectos físicos, como crescimento e ganho de peso, devem ser observados, assim como o desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo. O desenvolvimento sensório-motor é o principal ponto a ser avaliado nos primeiros dois anos de vida, com especial atenção para a evolução motora, pois é nessa fase que a criança aprende a explorar o mundo.

Após os três meses de idade, a criança pode ser estimulada com brinquedos. Pais e responsáveis conseguem observar, dessa forma, como ela responde, seguindo visualmente os objetos. O estímulo do controle de tronco pode ser feito segurando o bebê no colo sem apoiar as costas no corpo do adulto, deixando a cabecinha livre.

Depois dos nove meses é momento de engatinhar. O estímulo pode ser feito deixando o bebê em posição de “quatro” até que ele mostre que não quer mais. Nesta fase, é importante exercitar e fortalecer as perninhas, deixando a criança em pé de frente para o sofá ou cadeira, por exemplo. Isso deve ser feito sempre com supervisão e cuidado.

É recomendado que entre 18-24 meses (um ano e meio a dois anos) seja feito o diagnóstico do desenvolvimento, por meio de testes específicos. Depois dessa idade, o acompanhamento deve ser continuado:

  • Aos três anos: diagnóstico do desenvolvimento da linguagem e cognição;
  • Aos quatro anos: avaliação do comportamento, alterações sutis e viso-motoras;
  • A partir dos seis anos: desempenho escolar.

A avaliação da criança sempre será realizada por equipe multiprofissional, por meio de testes de triagem e testes diagnósticos.

Fran Martins
Ministério da Saúde

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