Presidente foi diagnosticado com pedra um pouco maior do que um grão de feijão; problema pode ser assintomático ou gerar dores ao urinar.

O presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com um cálculo renal um pouco maior do que um grão de feijão, que está solto em sua bexiga. Ele deve passar por cirurgia para retirada da pedra.

O urologista Rodolfo Santa, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que, apesar de ser considerado médio, um cálculo do tamanho de um grão de feijão pode obstruir a bexiga e causar retenção urinária.

Ele explica que os cálculos renais, geralmente, são cristais compostos por cálcio. “Quando a quantidade de sais presentes na urina aumenta, esses sais formam um precipitado, e a precipitação forma o cálculo”, descreve.

Além do cálcio, há outros componentes que favorecem a formação de pedras nos rins, como oxalato, ácido úrico, fosfato e sódio.

O urologista Alex Meller da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Hospital Israelita Albert Einstein afirmou que os brasileiros consomem de quatro a cinco vezes mais do que a quantidade recomendada de sódio por dia.

“O sódio está presente no sal e também em alimentos ultraprocessados — como os de fast-foods, comidas congeladas, temperos prontos, embutidos e enlatados, entre eles palmito e azeitona — nos quais o sal é usado como conservante”, exemplificou.

A predisposição aliada à desidratação e aos costumes alimentares são as principais causas do surgimento de pedras nos rins, de acordo com os médicos. “O fator mais importante é o hábito de não beber água”, enfatiza Santa.

Questionado se existe a possibilidade de o cálculo ter sido originado já na bexiga de Bolsonaro, Santa pondera que a maioria das pedras se formam realmente nos rins. “Geralmente, são cálculos em transição, que passaram do rim, para o ureter e depois para a bexiga”, detalha.

Segundo ele, a passagem é possível mesmo que a pedra possua o tamanho aproximado de um grão de feijão, como é o caso de Bolsonaro. “O ureter consegue distender e chegar a um diâmetro de até 12 milímetros [o dobro de um grão de feijão]”, afirma.

Já a formação da pedra diretamente na bexiga acontece em pacientes que têm dificuldade para urinar. Santa explica que isso pode acontecer por diversas razões, inclusive o crescimento da próstata, chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB). “Essa urina parada por muito tempo predispõe a formação de cálculos”, ressalta. Esse problema é mais comum após os 60 anos de idade, acrescenta.

De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), a presença de pedras na bexiga pode ser assintomática. Mas os pacientes costumam relatar dor ao urinar, interrupção do jato de urina e vontade de ir ao banheiro à noite.

“As sensações são parecidas com a infecção urinária na mulher. Dá vontade de ir toda hora no banheiro, mas a bexiga não está cheia”, compara Santa.

Já os tratamentos variam conforme o tamanho da pedra. “Dependendo do tamanho é possível utilizar medicações para dilatar a uretra, o que possibilita a eliminação pela urina. Se o paciente não responder, fazemos cirurgia para a retirada”, explica.

Há máquinas capazes de quebrar os cálculos em pedras bem menores por meio de ondas de choque extra-corpóreas (LECO). No entanto, se a pedra é maior que 20 milímetros, exige cirurgia. O procedimento é feito com aparelhos de fibra ótica que permitem fragmentar ou até desintegrar o cálculo, segundo a SBU.

Santa observa que o cateterismo é indicado quando a pessoa está com retenção urinária. Nesse caso, uma sonda é introduzida pela uretra até a bexiga para facilitar a drenagem da urina.

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