O prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha, e a secretária municipal de Saúde, Érica Dias Souza Lopes, se reuniram na tarde de terça-feira (31), no Hospital Municipal Eliane Martins, com os representantes da Fundação São Francisco Xavier (FSFX). O objetivo foi discutir encaminhamentos acerca da paralisação do corpo clínico do Hospital Márcio Cunha (HMC), decidida no dia anterior, sem qualquer diálogo anterior com o Executivo, resultando em sérios impactos na assistência à população. Foram suspensos atendimentos eletivos do SUS como cirurgias, internações, consultas e exames.

Durante a reunião foi apresentada ao gestor municipal a justificativa para a interrupção dos serviços prestados. O motivo seria a falta do repasse de R$ 32 milhões pelo governo do Estado. O governo estadual deve ao município de Ipatinga, atualmente, um montante de R$ 70,5 milhões relativo apenas à área da saúde. Deste total, acumulado desde 2013, 45% são devidos ao HMC para atendimento a pacientes do SUS.

O prefeito disse entender a posição do Hospital Márcio Cunha diante da falta de repasse dos recursos, mas considera a situação preocupante, sobretudo no que diz respeito à demanda da Unidade de Pronto Atendimento. “Estamos preocupados, pois sabemos que a demanda vai desembocar na UPA de Ipatinga, já que a partir do momento que não é possível fazer transferências do Hospital Municipal para o HMC, é quase impossível evitar a superlotação da Unidade, que recebe pacientes não só de Ipatinga, mas da região”, pontuou.

Nardyello ainda lamentou que a decisão do corpo clínico do Hospital Márcio Cunha tenha sido tomada repentinamente, sem qualquer aviso prévio. “A decisão foi tomada da noite para o dia e nos tirou qualquer possibilidade de tentarmos fazer um diálogo político. Eu pedi aos representantes do HMC que dialoguem com o corpo clínico para que suspenda a paralisação por até 15 dias. É um tempo para que nós, prefeitos da região, possamos fazer uma força-tarefa a fim de chegarmos a um denominador comum. Ainda que o Estado não pague, mas pelo menos que crie um cronograma de pagamento. Estamos aguardando a posição do corpo clínico do HMC para darmos uma posição à nossa população”, explica.

Prejuízos

O comunicado sobre a paralisação no HMC chegou por volta de 17h de terça-feira (31) ao Hospital Municipal Eliane Martins e, logo após o anúncio, os impactos já foram sentidos tanto na UPA quanto no Hospital Municipal. De acordo com a secretária de Saúde, Érica Dias, pelo menos dez pacientes que estão internados no Hospital Municipal aguardam transferência para o HMC. Outros 30 recebidos pela UPA esperam por um leito em dos hospitais de Ipatinga.

“Sem a transferência dos pacientes do Hospital Municipal para o HMC, não há leito disponível para os pacientes que estão na UPA esperando uma vaga. Nós estamos com seis crianças aguardando transferência, e inclusive em todo esse contexto de 35 pacientes na UPA nós estamos com um caso de apendicite que foi negada a vaga pelo Hospital Márcio Cunha”, relata Érica.

Ainda de acordo com a secretária, as cirurgias eletivas foram suspensas a partir desta quarta-feira. “Em Ipatinga estão sendo feitas em média 25 cirurgias. Se somarmos isso no decorrer da semana serão quase 100 cirurgias canceladas. Além disso, também estão suspensos procedimentos de cateterismo e outros exames eletivos”, detalha a secretária.

Conforme a Secretaria de Saúde, apenas na manhã desta quarta-feira o Hospital Márcio Cunha negou duas vagas a pacientes com possibilidade para cirurgia, alegando mobilização do corpo clínico na unidade hospitalar.

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