Zoonose realiza testes para identificação de casos de leishmaniose e aplica vacina antirrábica em cães de catadores e moradores de rua

A Prefeitura de Ipatinga executou, nesta sexta-feira (24), uma ação de caráter extraordinário que tem como principal objetivo a manutenção da saúde pública e sanitária no município. O Departamento de Vigilância em Saúde realizou testes de leishmaniose e vacinou contra a raiva aproximadamente 20 cães de moradores em situação de rua e acumuladores de lixo reciclável.

A ação se concentrou no final da rua onde está localizado o ginásio do Centro Esportivo e Cultural 7 de Outubro, no bairro Veneza I. O ponto é um local onde vivem diversos moradores em situação de rua que, em sua maioria, pernoitam e percorrem a cidade acompanhados de cães.

Em diversos momentos do ano, a Prefeitura realiza ações que buscam o cuidado com o animal de rua e também a proteção da saúde pública. Contudo, esta ação específica foi desencadeada pelo município após o recebimento de diversas denúncias e ouvidorias relacionadas à saúde dos animais e também as condições de higiene do local.

O veterinário Milton Max Madeira de Oliveira, do Centro de Controle de Zoonoses da PMI, explica como foram feitos os testes para identificação da Leishmaniose Visceral e, em paralelo, a aplicação da vacina.

“Nosso grande objetivo com esta ação é identificar os animais que estejam atuando como reservatório da doença. Ou seja, o cão que está, de fato, infectado. Fazemos um teste rápido, inicialmente, e naquele animal que apresentar resultado reagente é feito um segundo exame, mais completo, para confirmação. Encaminhamos o material coletado para o laboratório e, mediante o resultado, são transmitidas as orientações para o proprietário do cão”, explicou o veterinário.

O profissional também salientou a importância da ação no que diz respeito às condições sanitárias.

“Por sua natureza, o ambiente em questão oferece muitos riscos para o desenvolvimento da doença. Trabalhamos para identificar os reservatórios da doença, passando uma orientação para a população local em relação ao manejo do ambiente. É preciso tomar muito cuidado com a matéria orgânica, fezes, bananeiras, entulhos e lixo de um modo geral. Tudo isso favorece a multiplicação do mosquito palha, transmissor da leishmaniose visceral”, detalhou.

Orientação

Após a testagem e a aplicação da vacina, a equipe do setor de zoonoses reuniu os proprietários dos animais e repassou algumas orientações, além de realizar a entrega dos exames com os respectivos resultados.

O animal que no teste rápido apresentou resultado reagente para leishmaniose visceral foi novamente testado. Mas, o segundo procedimento é um exame mais completo. Uma amostra de sangue é coletada e enviada para análise em laboratório.

O veterinário Milton Madeira explica que, no caso de nova confirmação em relação à doença, o recomendado pelo Ministério da Saúde é a eutanásia do animal.

“Com a autorização do proprietário, o município recolhe o animal para a realização do procedimento. Contudo, é necessário lembrar que isso não resolve o problema, porque a causa precisa ser solucionada. Por isso a importância do manejo ambiental. A manutenção da limpeza do local é fundamental, porque o mosquito precisa de matéria orgânica para o seu desenvolvimento”, explicou o profissional.

Também foi orientando aos proprietários dos animais que, além da limpeza do local, é necessário que eles mantenham alguns cuidados diferenciados com os cães. “É necessário adquirir coleiras e sprays repelentes contra o mosquito transmissor da Leishmaniose. Se a pessoa quer ter o animal, é preciso cuidar bem dele”, concluiu Milton.

Limpeza

Há exatamente um ano, em julho de 2019, a        Prefeitura de Ipatinga realizou a reintegração de posse desta área pública na avenida Marechal Cândido Rondon, no bairro Veneza I, local onde nesta sexta-feira foi realizada a ação sanitária. A área fica localizada em frente ao Parque Ecológico das Águas, espaço verde próximo à estação turística Pouso de Água Limpa.

Na época, cerca de 200 metros de via pública eram usados de forma irregular como um depósito de materiais recicláveis. O estabelecimento ocupava as calçadas e parte da avenida para armazenar um amontoado de objetos, além de carrinhos e outros equipamentos utilizados na atividade comercial. Com o passar dos anos, o local virou um verdadeiro lixão a céu aberto, colocando em risco a saúde pública.

Para que se tenha a ideia da extensão do problema, os materiais inservíveis recolhidos na ocasião correspondem à carga de 14 caminhões, exigindo várias viagens para serem transportados. A proprietária do depósito de recicláveis foi autuada e multada por exercer atividade comercial sem alvará de localização e ocupação de área pública impedindo o trânsito de pedestres e veículos.

Doença

A Leishmaniose Canina é uma infecção parasitária causada por protozoários que atacam o sistema imunológico do animal. Quando em contato com seu hospedeiro (nesse caso, o cachorro), o parasita do tipo Leishmania começa a atacar as células fagocitárias (os macrófagos – responsáveis por proteger o organismo de corpos estranhos). Ele se liga a essas células e começa a se multiplicar, atacando mais células. Nessa propagação, pode atingir órgãos como fígado, baço e medula óssea.

A Leishmaniose Visceral Canina é uma doença que pode ser transmitida de animais para humanos e vice-versa, sendo o mosquito o vetor. Ou seja, é uma zoonose. Aliás, uma grave zoonose que pode levar ao óbito tanto o humano quanto o cachorro infectado. Em função desse quadro, a enfermidade é uma questão de saúde pública, que exige cuidado de todos no combate e prevenção.

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