Independentemente do coronavírus, dizem os empresários do setor, a higienização adequada de academias já é uma exigência da Vigilância Sanitária

Academias e empresas instaladas no Shopping clamam pelo funcionamento imediato de seus estabelecimentos para que não sejam obrigados a fechar as portas

IPATINGA – À beira da falência, empresários das três principais cidades da região que ainda não têm autorização para abrir seus estabelecimentos – em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) – estão indignados por terem sido “esquecidos” pelo Poder Público. Impedidos de trabalhar, já não veem outra saída que não seja fechar as portas. Alguns deles, sobretudo os instalados no Shopping Vale do Aço e os proprietários de academias, procuraram o Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Bens e Serviços (Sindcomércio) do Vale do Aço para externar suas queixas.

Breno Denubila é proprietário de uma academia no Bairro Cidade Nobre, em Ipatinga. Ele citou o recente fechamento do restaurante Dom The Place, no Horto, para ilustrar que a situação está cada vez mais grave. “Nós, donos de academia, já fazemos, independentemente do coronavírus, a higienização adequada de nossos estabelecimentos com álcool e demais produtos de limpeza, sempre seguindo as exigências da Vigilância Sanitária. Então, trata-se de um ambiente que está preparado para este tipo de situação. Não há justificativa para que continuemos fechados”, pontua.

Gestor de academias em Ipatinga, Régis Castro está muito preocupado com o futuro do segmento. Ele observa que as autoridades se esquecem que a saúde física e mental, garantida pela atividade física, pode ser extremamente importante contra o coronavírus e ainda contribuir para que as pessoas tenham ânimo para se restabelecer economicamente. “É crucial que o nosso setor volte a funcionar neste momento, mesmo que com restrições. Temos o exemplo de outras cidades em que está permitida a abertura de academias sem acarretar em maiores problemas. Sabemos que Ipatinga é um município bem-estruturado e também está pronto para autorizar o funcionamento não só do nosso segmento, mas de todas as outras lojas”, afirma Régis, que emendou: “Em Ipatinga não somos mais movidos pela indústria! Então, o Poder Público precisa entender que o comércio e a prestação de serviços podem assegurar nossa cidade economicamente forte.”

Fabriciano e Timóteo

Flávio Almeida dos Santos trabalha com educação física no Vale do Aço desde 1995. Atualmente, é dono de uma academia no Centro de Timóteo. “Estamos tentando demonstrar ao prefeito que existem manejos técnicos para promover a continuidade dos treinos sem o risco de contágio. Professores, proprietários e o restante das pessoas que trabalham no nosso setor estão cientes do atual momento e são unânimes em afirmar que há, sim, maneiras de trabalhar com segurança”, explica Flávio. 

Demissões

Valdir Sathler é profissional de educação física e personaltrainer há18 anos. Proprietário de um estúdio de treinamento no Centro de Coronel Fabriciano, além de ser prestador de serviços em outras academias, ele revela que já há demissões no setor com a recente dispensa de estagiários e professores em alguns estabelecimentos. “Nós não conseguimos entender o motivo de as academias estarem fechadas, pois, afinal, somos da área da saúde e concordamos que devemos cuidar e zelar pela integridade de todos”, diz, acrescentando que o sedentarismo “mata mais que qualquer pandemia.”

“Temos total capacidade de tomar medidas de prevenção, diminuindo o fluxo de pessoas e criando limitações por horário, bem como estamos preparados em orientar pelo uso de máscaras e álcool para limpar os aparelhos e mãos. Cada aluno pode usar sua garrafinha e ainda podemos, na entrada, medir a temperatura de todos. Mas sequer estão deixando a gente tentar”, reclama. 

Valdir reforça que trabalha em um segmento que gera saúde física e mental, essencial para todos neste momento. “Somos mais de 90 academias no Vale do Aço. Historicamente, geramos muitos empregos, em diversas áreas. Mas, atualmente, o que temos visto são os empresários do setor sem rumo e as empresas sendo fechadas. Clamamos por respeito e, principalmente,pelo direito de exercer nossa profissão com segurança para que continuemos gerando saúde à população”, reivindica.

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Jair Zanela teme que,futuramente,haja mais lojas fechadas do que abertas no centro de compras

“Há 19 shoppings abertos no país, inclusive o de Governador Valadares, que estruturalmente é parecido com o nosso”, revela Facundes

Situação no Shopping se complica mais a cada dia

Jair Vieira Zanela é sócio de uma loja de roupas infantis e artigos íntimos no Shopping Vale do Aço. Estar de portas fechadas, conforme ele, não só compromete o futuro de seu estabelecimento como também de todos os outros instalados no centro de compras. “O Shopping, há alguns anos, têm enfrentado crises graves e, após a expansão, em momento algum a Administração conseguiu ocupar 100% dos espaços disponíveis. Se continuar impedido de abrir as portas, certamente outras lojas fecharão e a situação tende a piorar muito para todos, com mais lojas fechadas do que abertas em todo o mall”, analisa Jair.

Por sua vez, José Maria Facundes, presidente do Sindcomércio, ressalta que não existe razão para o centro de compras continuar fechado, uma vez que pode funcionar observando as recomendações da Organização Mundial de Saúde. “Há 19 shoppings abertos no país, inclusive o de Governador Valadares, que estruturalmente é parecido com o nosso. Gera em nós muita revolta essa má vontade das autoridades em não reabrir o Shopping Vale do Aço, comprometendo gravemente a operação do principal centro de compras do leste de Minas”, comenta.

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