Belo Horizonte pôs freio na flexibilização da quarentena na cidade, iniciada há seis dias. Taxa de transmissão do novo coronavírus, ocupação de leitos específicos para Covid-19 e o avanço da doença na região metropolitana e interior do Estado preocupam. Em meio a esse cenário, o comitê de enfrentamento à doença vai esperar mais uma semana para decidir se a segunda onda de reabertura do comércio será possível.

Caso contrário, nem o fechamento total da metrópole está descartado. “Vamos vir aqui toda sexta-feira, e espero não vir na próxima determinar o lockdown”, afirmou o prefeito Alexandre Kalil, durante entrevista coletiva. 

O chefe do Executivo da capital disse que a situação em outras cidades mineiras acende o alerta vermelho e acaba, inclusive, respingando na principal localidade do Estado. Para se ter uma ideia, 17,2% dos leitos específicos para Covid-19 em BH estão ocupados por pessoas que não moram no município. 

No geral, até esta sexta-feira, 55% das vagas de terapia intensiva disponibilizadas para pacientes com a enfermidade estavam preenchidas, informou o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado. No velocímetro criado pela prefeitura para monitorar o avanço da doença, o índice deixa o ponteiro no alerta amarelo. 
Já entre os de enfermaria, 43% estavam ocupados. “A situação é estável, mas de alerta”, frisou o infectologista Carlos Starling, integrante do comitê de enfrentamento.

Capacidade de contágio

Mas é a taxa de transmissão do vírus, chamada de R0, que mais preocupa. No último dia 22 o índice estava em 1,1. Porém, nesta sexta-feira chegou a 1,24 e alcançou o ponteiro vermelho no velocímetro.

Nesse quesito, os olhares também se voltam para a região metropolitana. “A velocidade da transmissão está aumentando progressivamente. Na Grande BH, a epidemia está em franca ascensão”, destacou Carlos Starling.

Nova Lima, por exemplo, tinha R0 de 1,5 na semana passada, mas pulou para 4,1 nos últimos dias. Isso significa que, por lá, um paciente com Covid-19 pode infectar outras quatro pessoas. Ribeirão das Neves chegou a 2,1.

Sem relação

Por outro lado, o infectologista Carlos Starling informou que os cinco dias de reabertura do comércio não foram responsáveis pela ligeira elevação nos índices do velocímetro na capital. “Nesse momento não atribuímos (aumento de casos e transmissão maior) à flexibilização porque o período de incubação da doença é de 14 dias”, enfatizou o médico.

Os moradores estão aderindo menos ao isolamento social, o que coloca BH entre as seis piores nas taxas de confinamento entre as capitais do país. 

Dados da In Loco, empresa que monitora o isolamento no Brasil, apontam que, esta semana, 40% das pessoas ficaram em casa por aqui. O índice estava sendo mantido na casa dos 50%. 

“Nos próximos dois anos, a menos que apareça uma vacina, vamos ter que tomar medidas restritivas no nosso convívio social, como usar máscaras e manter o distanciamento” (Jackson Machado, secretário de Saúde de Belo Horizonte)

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