A campanha petista vê com otimismo os resultados recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais, mas não conta com uma vitória no primeiro turno.

A terceira rodada da pesquisa BTG/FSB, divulgada ontem, apontou crescimento de Lula de 41% para 46% em relação ao levantamento anterior, de 25 de abril, e indica que o ex-presidente se aproxima de uma vitória no primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, manteve os 32% de intenção de voto apurada em abril.

Na semana passada, o Datafolha mostrou que Lula atingiu 48% das intenções de voto, contra 27% de Bolsonaro, e venceria no primeiro turno, com 54% dos votos válidos.

Nos bastidores da campanha petista, a expectativa é de que a polarização possa jogar a favor de Lula e que os eleitores queiram decidir o quanto antes, ainda no primeiro turno, o próximo chefe do Executivo.

“A gente vai trabalhar para fazer a mais forte, mais ampla, mais intensa campanha. Mas a minha opinião é de que temos de trabalhar como se fosse haver um segundo turno”, disse ao Correio o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), secretário-geral do partido.

Segundo Teixeira, as pesquisas têm um efeito positivo no momento atual, colaborando para a formação de alianças com outras legendas e a definição de palanques nos estados, além de elevar os ânimos da militância.

A possibilidade da vitória rápida traz um novo fôlego para o ex-presidente, conforme destacou o ex-governador do Piauí e coordenador da campanha, Wellington Dias (PT). “Quanto mais Lula desponta com chances de vencer no primeiro turno das eleições e quanto mais piora a situação do povo no Brasil, mais ganha importância a experiência de Lula, que, em 2003, pegou o país em situação muito ruim e o organizou”, disse.

Ainda é cedo

Especialistas veem com cautela a possibilidade de o pleito ser resolvido no primeiro turno. Para o cientista político André Rosa, apesar de Lula ter bons resultados de seus governos anteriores para trabalhar na corrida eleitoral, terá de lidar com forte campanha negativa. “A gente ainda não viu como vai ser explorada essa parte negativa — principalmente em relação à Operação Lava-Jato — por Bolsonaro, (Simone) Tebet (MDB) e outros pré-candidatos”, afirmou.

Por outro lado, o especialista avaliou que capitalizar, agora, o resultado dessas pesquisas é “uma excelente estratégia” por parte de Lula. O movimento pode ajudar a atrair partidos como o PDT, cujo pré-candidato é Ciro Gomes, mas em que alguns integrantes avaliam uma aproximação com o petista.

Já o cientista político Paulo Kramer ressaltou que Lula não tem chances de vencer no primeiro turno. Ele destacou que esse fato nunca aconteceu nas eleições vencidas pelo PT. “O questionamento que eu gostaria de fazer a todos os diretores de institutos de pesquisa é: como vocês, profissionais experientes, explicam o fato de que o candidato líder nas pesquisas parece que não pode sair nas ruas sem ser caçado como uma ratazana?”, perguntou.

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