O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, às 16h desta segunda-feira (6). O encontro, que consta na agenda oficial do mandatário, acontece em meio à crise gerada no governo pela viagem feita pelo ministro de Brasília (DF) para São Paulo (SP), de 26 a 30 de janeiro, com dinheiro público.

Na viagem, feita com o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e com o recebimento de R$ 3 mil em diárias por quatro dias e meio, ele cumpriu duas horas e meia de compromissos oficiais nos dois primeiros dias e, em seguida, foi a um leilão de cavalos de raça que movimentou R$ 7,5 milhões. O último compromisso não tem ligação com sua atuação no governo. A informação foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo.

Na última quinta-feira (2), Lula disse que cobraria “explicações” do ministro sobre o caso. No dia, Juscelino estava em viagem oficial. “Eu tentei esta semana conversar com o Juscelino. O ministro Juscelino está viajando, está no exterior, a serviço do ministério, discutindo em um encontro de telecomunicações”, disse.

“Eu já pedi para o ministro Rui Costa [da Casa Civil] convocar ele para segunda-feira a gente ter uma conversa, porque ele tem direito de provar sua inocência. Mas se ele não conseguir provar a sua inocência, ele não pode ficar no governo”, acrescentou o presidente, já adiantando a reunião que faria nesta segunda.

Por meio de nota, o Ministério das Comunicações negou irregularidades ao afirmar que o Juscelino Filho viajou para compromissos oficiais e que os procedimentos de solicitação da viagem “seguiram os parâmetros técnicos e legais”. A pasta acrescentou que os valores pagos pelas diárias de hospedagem já foram devolvidos e tinham sido pagas após serem geradas de forma automática pelo sistema do governo, sem participação do ministro.

Na sexta-feira (3), a presente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu que o ministro peça para ser afastado do governo para poder “justificar” as recentes suspeitas de irregularidades no cargo. “Olha, em situações como essa, eu acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, disse, em entrevista ao Matrópoles.

A declaração de Gleisi foi repudiada pela bancada do União Brasil – partido que abriga Juscelino filho – no Congresso Nacional, que afirmou que “o ministro sempre manteve uma atuação respeitada no parlamento” e acrescentou: 

“Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos.”

“Será que a presidente Gleisi fará a mesma declaração caso um integrante do seu partido seja alvo de ataques? O direito de defesa e a presunção da inocência, pilares do Estado Democrático de Direito, são válidos para Gleisi, Juscelino e todos os brasileiros”, completou o União Brasil.

Esta não foi a primeira suspeita de irregularidades envolvendo Juscelino Filho. O ministro também é acusado de fazer uso suspeito de verbas das antigas emendas de relator, chamadas de orçamento secreto, em região onde ele possui fazendas.

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