São Paulo — Em reunião virtual, ontem, com comunicadores e simpatizantes, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que eles não se atenham a desmentir fake news disseminadas pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que passem a divulgar, também, suas propostas para um eventual governo e os feitos de suas gestões anteriores. Horas depois, o petista deu entrevista ao Flow Podcast, que teve recorde de audiência.

“Todos nós sabemos que estamos enfrentando um cidadão anormal, que faz da mentira a sua forma de fazer política. (…) A gente não pode ficar apenas tentando rebater as mentiras dele. É preciso que, ao rebater as mentiras, a gente passe as nossas mensagens das coisas positivas que existem e que vão existir neste país, parte das propostas que estão no programa de governo, parte das coisas que nós já fizemos”, enfatizou aos influenciadores. “É preciso que a gente coloque em cada resposta a uma crítica uma proposta, para que o povo saiba que nós sabemos o que fazer quando ganharmos as eleições. Rebater as críticas é necessário, mas dizer o que vamos fazer e dizer as coisas que são importantes para o Brasil é extremamente necessário.”

O presidenciável apontou, também, que não espera uma disputa fácil no dia 30. Para ele, em função de medidas como a ampliação do Auxílio Brasil e a redução da gasolina, Bolsonaro extrapolou o uso da máquina pública. “Vai ser uma eleição muito difícil. Eu nunca vi na história do Brasil alguém gastar a quantidade de dinheiro que esse homem está gastando”, disse.

O petista afirmou, mais uma vez, que Bolsonaro faz parte de um movimento global da extrema-direita. “É por isso que eu espero que a gente consiga organizar as forças democráticas deste país para enfrentar o negacionismo, a barbárie e o fascismo que tentam implantar neste país”, apontou Lula.

Branco da paz

Também presente ao encontro, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada no primeiro turno, frisou que ela e Ciro Gomes (PDT) conquistaram juntos cerca de oito milhões de votos e que muitos desse eleitores ainda estão indecisos. Por essa razão, segundo a parlamentar, “não é hora de pregar para convertidos, agora é hora de conquistar votos”.

Para apresentar uma alternativa à cor vermelha, tradicionalmente usada pelo PT, a senadora sugere o uso da cor branca. “Não tenho nenhum problema com o vermelho, é a cara do PT, e vocês têm que ter o maior orgulho disso. Sugeri o branco, da paz, da união de todas as cores”, ressaltou. Segundo ela, “essa é uma eleição que não tem margem para erro”.

A reunião foi coordenada pelo prefeito de Araraquara-SP, Edinho Silva (PT). Além de Lula e Simone Tebet, participaram da conversa o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); os deputados federais eleitos Guilherme Boulos (Psol-SP) e André Janones (Avante-MG); a candidata a vice-presidente na chapa de 2018 de Fernando Haddad, Manuela d’Ávila (PCdoB); e os presidentes do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), e do PDT, Carlos Lupi.

Todos os participantes apontaram o problema das notícias falsas como o maior temor neste processo eleitoral. Eles ressaltaram a necessidade de um esforço em combater a desinformação com a maior agilidade possível.

Na avaliação de Manuela d’Ávila, o momento é de informar. “Agora é menos hora de lacrar e mais hora de informar”, disse a ex-deputada. Ela defendeu que cada um dos comunicadores e influenciadores explique, em seus depoimentos pessoais, por que vota em Lula. “Vamos produzir conteúdo em primeira pessoa”, propôs.

André Janones apontou a necessidade de se centralizar a estratégia de comunicação com os influenciadores, abordando um assunto por vez, como seria a prática da campanha do adversário. “Devemos unificar as pautas no dia”, orientou.

Horas depois, em entrevista ao Flow Podcast, transmitida pelo YouTube, Lula retomou as críticas a Bolsonaro e falou sobre propostas. Disse, por exemplo, não ser a favor de revogar a reforma trabalhista, mas, sim, a uma reformulação da legislação para adequá-la à realidade.

“A gente não quer voltar ao que era no passado, porque a legislação trabalhista era de 1943. O movimento sindical quer adequar. A gente quer atualizar. Por exemplo, o pessoal que trabalha com aplicativo. Tem que ter uma regulação, jornada de trabalho, descanso semanal remunerado. Algum direito, porque inventaram que eles são empreendedores, mas eles não são”, argumentou. “A gente precisa fazer uma regulação que garanta às pessoas o mínimo de seguridade social. Ele tem de ter uma previdência.”

Com a entrevista, Lula bateu o recorde de Bolsonaro e detém agora a maior audiência simultânea no Flow Podcast. Por volta das 20h, mais de 1 milhão de pessoas acompanhavam a transmissão. Em 8 de agosto, o presidente teve audiência simultânea de 550 mil pessoas.

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