Minas Gerais lidera em todo o país a quantidade de cidades onde o número de eleitores é superior ao de habitantes. Segundo dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o Estado tem 118 municípios nessas condições, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 61, e de Goiás, com 58. O município de Rubelita, por exemplo, na região de Salinas, tem uma população estimada neste ano em 5.798 pessoas e 7.439 eleitores, uma diferença de 1.641.

Além de Rubelita, têm mais eleitores do que habitantes os municípios de Catuji (7.870 e 6.257, respectivamente), Santana do Riacho (5.493 e 4.315) e Jeceaba (5.997 e 4.852). Compõem também a lista das dez primeiras no Estado as cidades de Ouro Verde de Minas (6.976 e 5.914), Sem-Peixe (3.597 e 2.606), Divinésia (4.384 e 3.424), Dores do Turvo (5.153 e 4.230), Fama (3.235 e 2.376) e Córrego Novo (3.567 e 2.728).

O estudo foi feito a partir do cruzamento de dados da base de eleitores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a população oficial calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No país, segundo levantamento da CNM, houve um aumento de 60% no número de cidades brasileiras com mais eleitores que habitantes, saltando de 308, em 2018, para 493 neste ano, o que representa 8,8% dos municípios no país.

O estado com o maior número em termos percentuais é Goiás (22,76%), seguido do Rio Grande do Norte (17,9%) e da Paraíba (14,8%). Proporcionalmente, a cidade que lidera a lista nacional de municípios com mais eleitores do que habitantes é Severiano Melo (RN). Lá, segundo estimativa do IBGE, são 2.088 habitantes, já os dados do TSE apontam 6.482 eleitores aptos a votar, o número é três vezes maior que a quantidade de habitantes.

Em números absolutos, na liderança da lista nacional de municípios com mais eleitores que habitantes está o município pernambucano de Cumaru, no Agreste do estado. Segundo o IBGE, ele possui 10.192 moradores, já o TSE aponta que há na cidade 15. 335 cidadãos aptos a votar este ano.

A diferença, segundo o consultor da área técnica, da CNM, Eduardo Stranz, pode ser justificada por desatualizações nas estimativas de população feitas pelo IBGE, fraudes e, especialmente, por questões afetivas. “Existe uma ligação muito grande das pessoas com as cidades onde elas nasceram, sobretudo nesses municípios pequenos. Elas migram para cidades maiores, regiões metropolitanas ou cidades-pólo em busca de emprego ou estudo, mas não transferem seus títulos eleitorais, isso é muito comum”, avaliou.

Stranz lembrou ainda que em cidades menores a disputa política é muito acirrada e as pessoas nascidas nessas localidades têm sempre algum grau de parentesco com os candidatos o que, segundo ele, também contribui para que elas não transfiram seus títulos.

O advogado Raphael Maia, especialista em Direito Eleitoral, acredita que essa discrepância entre o número de eleitores e da população do município não tenha necessariamente ligação com fraude. “Pode ser fraude? Pode. Mas acredito que seja minoria. Tem muito mais a ver com ligações históricas com o município e vínculos políticos, econômicos e, inclusive, afinidade”.

*Com Agência Brasil

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