O processo de disputa nas presidências da Câmara e Senado está criando uma ilusão. Diferentes siglas poderiam fazer uma composição para estarem juntas também em 2022 contra Bolsonaro. Mas a união da oposição é difícil de se materializar. Interesses dos mais diversos não conviverão em harmonia numa campanha para a Presidência.

Na última eleição isso ficou claro. Ciro Gomes (PDT) e PT não foram capazes de entrar em acordo. Partidos de centro também não. Pensar no PCdoB numa composição nacional com adversários históricos é no mínimo estranho. O PT, que provavelmente estará na composição do Congresso, não tem ambiente, nem condições internas de apoiar uma experiência dessas. O PSOL, que saiu fortalecido nessa eleição, não teria como abandonar nem o seu candidato a prefeito em São Paulo, Guilherme Boulos, nem o PT. O Cidadania espera a candidatura do apresentador Luciano Huck, mas isso pode não acontecer. Ciro já acenou com uma aproximação, mas é difícil acreditar que vá ceder para apoiar outro candidato ou que outros partidos venham a apoiá-lo.

Há uma aproximação que parece muito promissora entre DEM, PSDB e MDB. Tem condições de avançar, especialmente pelas articulações de Rodrigo Maia (DEM), João Doria (PSDB) e Baleia Rossi (MDB). Esse grupo pode, no entanto, atrair outros players, como é o caso do senador Randolfe Rodrigues (REDE), além de cortejar o PSD de Gilberto Kassab. O mais provável é que três ou quatro grupos entrem na disputa pelo comando do Congresso. Seria maturidade política demais para a nossa jovem democracia menos partidos que isso.

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