O presidente Jair Bolsonaro enviou um recado ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso. Por meio de uma chamada de vídeo em um carro de som, o mandatário discursou para apoiadores durante a manifestação a favor do voto impresso neste domingo (01/08), na Esplanada dos Ministérios. Sobre provas de que as eleições teriam supostamente sido fraudadas, o chefe do Executivo alegou que “as provas, senhor ministro Barroso, se faz com indícios. Quanto mais indícios, mais robusta é a prova”.

No entanto, durante live na última quinta-feira (29), o presidente afirmou que apresentaria comprovação de que as urnas eletrônicas sofreram alteração. Porém, ele próprio assumiu que “não tinha como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”. Exibiu o que chamou de indícios com pouca comprovação de veracidade, e usou o espaço para levantar dúvidas sobre o atual sistema de votação brasileiro.

Bolsonaro disse hoje aos apoiadores que, se necessário, para dar um “último alerta” aos contrários ao projeto do voto auditável, convocará a população de São Paulo para as ruas para defesa da pauta. Contudo, não entrou em detalhes sobre como ocorreria essa consulta e também não falou em consulta a outros estados.

“Se preciso for, para dar um último alerta àqueles que não tem respeito para conosco, eu convidarei o povo de SP, a maior capital do Brasil a comparecer à Paulista para que o som deles, a voz do povo, seja ouvida por aqueles que teimam em golpear a nossa democracia. Se o povo lá disser que o voto tem que ser auditado, que a contagem tem que ser pública e que o voto tem que ser impresso na forma como se propõe a PEC da Bia Kicis, tem que ser dessa maneira”, apontou.

Ele voltou a acusar Barroso de articular contra o projeto do governo. “A maioria da Câmara pelo que sei é favorável ao voto impresso. É uma minoria (que é contra) que foi agora escolhida por líderes depois de uma reunião com o Barroso, um ministro que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado. As provas, senhor ministro Barroso, se faz com indícios, quanto mais indícios, mais robusta é a prova”, disparou.

Em seguida, o presidente tentou usar um outro exemplo para justificar farsa nas eleições. “As próprias eleições de São Paulo, como demonstrei aqui, depois de apenas 0,39 dos voto apurados, do primeiro ao oitavo local, essa mesma classificação terminou ao final da apuração e, acredite, com exatamente os mesmo percentuais, desconsiderando a casa decimal. Prova maior que essa não existe de que a as eleições em SP não seguiram realmente a vontade popular. Ela pode ter acontecido dessa forma? Pode, mas é a mesma coisa que você ganhar meia dúzia de vezes consecutivas na Mega- Sena”, disse.

Por fim, Bolsonaro opinou que quem argumenta que a urna eletrônica é auditada e segura é “mentiroso”. “É quem não tem amor à democracia, é quem não respeita o seu povo. Essas pessoas tem que reconhecer qual é o seu lugar. Não vou entrar em provocações baratas, eu quero uma forma limpa de realizar eleições. Quem for contra a vontade de vocês que é a contagem pública, que é o voto democrático, está contra a democracia”, concluiu.

Urnas eletrônicas são auditáveis

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 25 anos de existência, nunca teve fraude comprovada nas urnas eletrônicas. Além disso, após o voto, no momento em que os arquivos são gravados, o resultado é tornado público pela impressão do Boletim de Urna (BU) na própria seção eleitoral. Logo, qualquer tentativa de manipulação dos conteúdos gravados nas mídias (disquetes ou memórias de resultado) ficaria rapidamente evidenciada pela assinatura digital inválida ou pelas discrepâncias com o BU impresso.
O BU é um relatório em papel emitido pela urna eletrônica ao final do pleito. Esse documento permite que fiscais de partidos e qualquer outra pessoa possam conferir imediatamente após o encerramento da eleição o quantitativo de votos existentes em todas as urnas. Com esse comprovante, emitido e publicado no final do pleito em cada seção eleitoral, é possível conferir os resultados, inclusive comparando com o que é divulgado pela Justiça Eleitoral na internet.

próximo artigoEm 2° temporada, CPI retorna com a necessidade de fechar apurações
Artigo seguinteLaudo aponta ausência de lesões nas mãos do marido de Joice Hasselmann, diz defesa