Insatisfeitos com o índice apresentado pelo governo, sindicatos afirmam que seguem com as manifestações; oposição diz que Executivo fez ‘ameaças’ à base para rejeitar emendas

Servidores do Estado de Minas Gerais não ficaram satisfeitos com o resultado da votação sobre o reajuste geral de 4,62%. Representantes dos sindicatos afirmaram que o índice é “baixo” e garantiram que vão manter as manifestações e greves agendadas. Logo após o fim da reunião em plenário, os servidores que acompanharam da galeria foram até a porta da Assembleia Legislativa para se manifestar.

Servidores da educação e da saúde, que não estão em greve, garantiram que vão manter as paralisações parciais em dias de votações importantes. Isso porque a expectativa para as próximas semanas é de que comece a tramitar o projeto de lei, também de autoria do governo de Estado, que trata de mudanças na contribuição previdenciária dos servidores.

“A organização e mobilização foi importante para levar a discussão sobre a situação da educação às diversas regiões de Minas e para mostrar à sociedade a verdade sobre o descaso e a desvalorização do governo Zema em relação à escola pública. Nossa luta está só começando e, agora, temos que defender o IPSEMG, também alvo de investidas e ataques do governo”, destacou o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sindi-UTE MG).

Já os servidores das forças de segurança pública afirmaram que vão apertar, ainda mais, o movimento já em curso. Como a categoria não pode paralisar os trabalhos, ela adota a chamada “estrita legalidade”, também conhecida como “operação tartaruga”. Com isso, os policiais militares, civis e penais, além de bombeiros e agentes socioeducativos, reduzem seus trabalhos, fazendo apenas o mínimo do que exige a lei e tornando o processo público mais lento.

“O governador está dizendo para toda a categoria da segurança pública e aos demais profissionais do Estado que ele não está nem aí. Então, eu sinto muito, mas o PM, o bombeiro, os companheiros das polícias Civil e Penal, vamos continuar na estrita legalidade. O governador conseguiu acabar com aquilo que é de mais importante em cada servidor, que é a vontade de trabalhar, que é o desejo de trabalhar. O 190 vai continuar atendendo? Vai, mas a estrita legalidade vai estar dentro de cada um que vai dar o recado para o governador”, declarou o subtenente Heder Martins, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG).

Oposição fala em “ameaças” à base

Pelo lado da oposição, que teve todas as emendas que elevariam o índice do reajuste rejeitadas em plenário, a análise é de que o governo se desgastou ainda mais com a base e com os próprios servidores. Mesmo o Executivo tendo garantido o índice de 4,62% que queria. Após a votação, o líder da oposição na Assembleia Legislativa, Ulysses Gomes (PT), avaliou que os servidores não foram valorizados e que o governo só teria obtido a votação a favor por “ameaças” à base.

“Quem jogou pesado, quem perseguiu, quem ameaçou, quem colocou a máquina para atuar, foi o governo. Muitos aqui votaram com um custo muito alto para si próprio, para sua base, se desgastando em favor de um governo que faz gestos injustos. Quem pesa a mão, quem erra, quem não dialoga, quem joga contra todo o momento não é a Assembleia, não são os deputados da base, mas, sim, o próprio governo. Então, essa essa derrota dos servidores tem um mandatário, e é o governador Zema, não são os deputados”, afirmou.

O líder do governo na ALMG, deputado João Magalhães (MDB), afirmou que o Executivo dialogou com os deputados e que o índice aprovado é o que o Estado pode arcar no momento.

“Todas as possibilidades de alterações e emendas apresentadas pelo Parlamento foram debatidas e analisadas de forma criteriosa e responsável. Em todo o processo, foi necessário o cuidado para que os limites legais e fiscais a que o Estado está condicionado fossem respeitados. O resultado final da votação, com a aprovação unânime do texto base e a rejeição de emendas, demonstra a sensibilidade das deputadas e dos deputados sobre o tema. Somente por meio de uma gestão fiscal responsável será possível oferecer, aprovar e sustentar aumentos reais dos vencimentos do funcionalismo”, enfatizou.

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