A Rússia executou bombardeios em larga escala contra a Ucrânia nesta quinta-feira (9), com os ataques mais intensos em várias semanas, que mataram pelo menos nove pessoas e provocaram cortes de energia elétrica em várias regiões.

O ministério da Defesa da Rússia afirmou que disparou mísseis hipersônicos durante os bombardeios, efetuados em “represália” contra uma recente incursão em seu território em 2 de março, que atribuiu a “sabotadores” ucranianos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou as “táticas miseráveis” de Moscou, após os bombardeios que atingiram 10 das 27 regiões do país, incluindo a capital Kiev, e afetaram as infraestruturas de energia.

O exército ucraniano afirmou que a defesa antiaérea derrubou 34 dos 81 mísseis lançados pelas tropas russas.

Desde outubro, após várias derrotas militares na frente de batalha, a Rússia ataca instalações cruciais da Ucrânia, o que provoca cortes no abastecimento de água e energia elétrica para milhões de pessoas, que ficaram sem calefação no inverno (hemisfério norte, verão no Brasil) glacial.

Nas últimas semanas os ataques foram menos intensos. Mas na madrugada desta quinta-feira, as autoridades ucranianas anunciaram ataques em 10 regiões, no leste, sul e oeste do país.

Em Lviv (oeste), um míssil atingiu um bairro residencial e matou pelo menos cinco pessoas, de acordo com o governador regional.

Três pessoas morreram na cidade de Kherson (sul) em bombardeios que atingiram um terminal de transporte público, informou o chefe de gabinete da presidência, Andriy Yermak.

O governador da região de Dnipropetrovsk (centro-leste) informou que um homem de 34 anos morreu e duas pessoas ficaram feridas.

A cidade de Kharkiv (leste) estava sem energia elétrica, água e calefação, segundo o prefeito.

Risco de acidente nuclear

A central nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelos russos nos sul da Ucrânia, também ficou sem energia elétrica nesta quinta-feira após um ataque e operava com geradores de emergência, informou a operadora ucraniana Energoatom.

“Brincamos com fogo e se permitirmos que esta situação se prolongue, um dia a nossa sorte mudará, alertou o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi.

A Energoatom afirmou que os mísseis russos cortaram a última linha de comunicação entre a central e a rede ucraniana. A empresa advertiu para o risco de acidente “se não for possível recuperar a alimentação por energia elétrica externa”.

A administração da ocupação russa confirmou que acionou oss geradores a diesel de emergência, mas atribuiu a medida a um “curto-circuito” em outra linha.

Em Kiev, a administração militar afirmou que 40% dos moradores da capital ficaram sem calefação. Alguns distritos da capital, como Odessa, sofreram cortes preventivos de luz.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou explosões nas zonas sul e oeste da capital ucraniana, que deixaram pelo menos três feridos.

Em Prospekt Peremogi, zona oeste da cidade, três carros foram incendiados perto de um edifício residencial.

“Aconteceu uma explosão muito forte”, declarou Igor Yezhov, 60 anos, que abandonou o prédio com sua esposa. “Quando isto acontece perto da sua casa, você realmente sente medo”.

Acusações na Transnítria

Os ataques aconteceram poucas horas depois de uma reunião dos 27 ministros da Defesa da União Europeia (UE) com seu homólogo ucraniano, Oleksii Reznikov, na qual negociaram um plano de fornecimento de mísseis e munições a Kiev que pode alcançar o valor de 2,1 bilhões de dólares (10,7 bilhões de reais).

Ao mesmo tempo, as autoridades pró-Rússia na região separatista da Transnístria, na fronteira oeste com a Ucrânia, afirmaram que impediram um ataque organizado por Kiev contra os líderes desta região rebelde da Moldávia.

De acordo com as autoridades desta região, que declarou sua separação da Moldávia em 1992 e tem o apoio de Moscou, os serviços secretos de Kiev prepararam “um ataque terrorista” na capital Tiraspol para “eliminar dirigentes” de sua administração.

E no leste da Ucrânia, a batalha prossegue pelo controle da cidade de Bakhmut, que virou um símbolo após meses de combates violentos. 

O fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, anunciou na quarta-feira que suas unidades tomaram o controle da parte leste da cidade.

Bakhmut pode cair “nos próximos dias”, advertiu o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, antes de destacar que “isto não reflete necessariamente um ponto de inflexão na guerra”.

Porém, as autoridades ucranianas, incluindo o presidente Zelensky, consideram que a queda da cidade abriria o caminho para o avanço das tropas russas no leste. 

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