O retorno do futebol no Brasil, mesmo com alguns estados vivendo dias de terror com o novo coronavírus, ganhou força nos últimos dias. Contudo, o assunto divide a opinião pública, faz com que infectologistas acendam a luz vermelha e esteja longe de ser a solução para o calendário de 2020, completamente comprometido pelos quase dois meses sem bola rolando e já certamente invadindo o próximo ano.

Em Minas, o primeiro clube a promover a ida dos atletas ao Centro de Treinamentos é o Atlético. Com autorização da Prefeitura de Vespasiano, município onde está localizada a Cidade do Galo, o alvinegro faz, na próxima segunda-feira, testes para Covid-19 nos atletas que o técnico Jorge Sampaoli vai trabalhar. Ainda não há uma data definida para o início das atividades.

Pelo menos por enquanto, Cruzeiro e América seguem orientando os atletas por meio de vídeos e outras ferramentas on-line. Na Alemanha, país altamente afetado pela pandemia, a Bundesliga voltará no dia 15.

No Brasil, quem já vive a realidade de treinos diários do grupo são os rivais gaúchos Internacional e Grêmio, que desde o início desta semana têm atividades em seus respectivos CTs.

No Rio de Janeiro, cidade que sofre intensamente com a Covid-19, Flamengo e Vasco, apoiados pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), batalham pelo retorno aos treinamentos.

O rubro-negro insiste na iniciativa mesmo após realizar 293 testes para detectar o novo coronavírus em pessoas do seu departamento de futebol profissional e seus familiares, e ver 38 resultados (13%) darem positivo. E nessa lista estão três jogadores, que não tiveram os nomes revelados, assim como os outros dois que já tiveram contato com o vírus.

Calendário

Em matéria publicada no último dia 30 de abril, o Hoje em Dia mostrou que faltam 66 datas para fechar o calendário 2020 do futebol brasileiro. Deste total, apenas seis são referentes aos campeonatos estaduais, competições que poderiam ser disputadas neste momento, pois os deslocamentos são menores, por se tratar de um torneio regional.

As competições que pagam as maiores cotas de televisão e dão maior premiação, por envolverem clubes de vários estados e até países, isso no caso das Copas Sul-Americana e Libertadores, dependem de um cenário comum.

Na Série A, por exemplo, temos 55% dos clubes participantes sediados nos estados que vivem sérios problemas com a pandemia. Palmeiras, Corinthians, Santos, São Paulo e Red Bull Bragantino, em São Paulo; Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, no Rio de Janeiro; e Fortaleza e Ceará, no Ceará.

Para o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e integrante do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 de Belo Horizonte, o momento mostra que o ideal seria pensar em futebol em setembro ou outubro, mesmo assim num cenário de competições regionais.

“Tudo o que se fala é empírico. Desconfiem das certezas. Sabemos muito pouco e estamos aprendendo com os erros dos outros. O ideal (retorno do futebol) seria setembro ou outubro. Mas, como existem outros pontos envolvidos, como o financeiro, no mínimo seria jogo fechado, com todo controle possível”, revelou o especialista em entrevista ao Hoje em Dia nesta semana.

Controle

Quando se fala do complemento do calendário, que tem mais de 90% dos jogos a serem disputados em competições nacionais ou internacionais, a situação é mais complexa, segundo ele. “Nos torneios nacionais, o controle teria que ser maior. Imagina uma delegação passando por aeroportos, hotéis e outros lugares. Creio que seja inviável. São Paulo e Rio, por exemplo, estão no auge da pandemia. Estados que hoje estão controlados, podem viver o mesmo em seguida. Não sabemos”.

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