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Romero chegou ao Corinthians em junho de 2014. Nesses pouco mais de quatro anos, tornaram-se rotina as longas discussões sobre seu futebol. Na maioria delas, prevaleceram as críticas ao seu estilo afoito. Mas as coisas mudaram. O “patinho feio” virou artilheiro da equipe, ganhou protagonismo e mais uma vez superou desconfianças e preconceitos.

A pergunta que os torcedores fazem ao ver Romero marcando gols e jogando bem é: o que aconteceu para ele crescer tanto em campo? Vários são os motivos, mas o principal deles passa pela mudança de comportamento do jogador. Aos poucos, ele está aprendendo a lidar com os comentários negativos e driblar a insegurança.

O Estado conversou com pessoas ligadas ao atleta e todos o definiram como um sujeito alegre, mas que se abala facilmente com as críticas. Por isso, é tratado com o maior carinho e respeito no Corinthians. A comissão técnica sabe que, se ele estiver feliz, o retorno será bom em campo.

As saídas dos amigos Balbuena e Rodriguinho lhe deram um protagonismo natural, que ele não deixou passar. Sem forçar, tomou as rédeas do time dentro e fora de campo e se tornou um atleta ainda mais importante para o técnico Osmar Loss.

O atacante foge do rótulo de “boleiro”. Troca as baladas por jantares com a mulher, Gabriela Miskirich, e pelas saídas com amigos, sempre para lugares mais tranquilos. É muito apegado ao irmão gêmeo Oscar Romero e ao mais novo, Fernando. Além de sua mãe, Lucy. O pai a deixou com os três filhos quando eles ainda eram crianças.

Nos momentos de maior crise no Corinthians, quando torcida, imprensa e rivais o criticavam duramente, a família era seu porto seguro. Por isso, sempre fala deles nas entrevistas e dedica seus gols e vitórias para aqueles que nunca o abandonaram Já teve um momento em que o atacante pensou em sair e algo que o incomoda até hoje é quando usam sua nacionalidade para ofendê-lo.

“Podem me xingar, mas não falem do meu país, da minha pátria”, avisou, em um momento de desabafo. Embora esteja no Brasil há quatro anos e fale bem o português, jamais esqueceu as origens. Constantemente sua mulher faz pratos típicos, como a chipa guasu (um bolo de milho salgado).

Com 26 anos, Romero amadureceu e vai, aos poucos, aprendendo a lidar com as críticas. Entendeu, por exemplo, que a melhor forma de responder as desconfianças é em campo. Assim, tem mostrado no Corinthians o futebol que o faz ser respeitado no Paraguai.

Na seleção, ele é mais utilizado como centroavante, posição em que gosta de jogar. Para a imprensa local, ele parecia ser o sucessor de Roque Santa Cruz, maior artilheiro da história da seleção. Não chegou a esse patamar, mas ainda assim é bem elogiado em seu país.

Em meio aos altos e baixos, destaca-se o relacionamento do jogador com a imprensa. O sentimento do paraguaio é de quem foi traído e que tenta reconquistar a confiança, assim como fez com seu futebol.

No ano passado, quando era criticado por não ter habilidade, Romero acertou entrevista com a TV Globo. Na reportagem, foi exibida imagem em que tentou dominar a bola no peito e ela caiu. Ele culpou o microfone de lapela pelo erro, mas não adiantou. As gozações só aumentaram. Com o tempo, Romero voltou a se aproximar dos jornalistas.

Parte do amadurecimento também se dá como bom anfitrião. Romero foi “apadrinhado” por Guerrero quando chegou ao Corinthians, agora é o padrinho de Angelo Araos, chileno que acaba de chegar da Universidad de Chile.

“Minha ideia é ajudá-lo a se adaptar o mais rapidamente possível”, diz Romero, que, além de goleador, se tornou referência. Derlis González, reforço do Santos, o citou como exemplo em sua apresentação. Novos tempos para o paraguaio.

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