BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve aproveitar sua ida à cúpula do Mercosul, nesta quinta-feira (3), em Buenos Aires, para fazer uma visita à ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar. Ela é a principal adversária política do presidente argentino Javier Milei, com quem Lula não deve se reunir.
A visita a Cristina não consta na agenda oficial do petista. Pela manhã, ele terá um café da manhã com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, antes de participar da sessão plenária do Mercosul. No início da tarde, receberá de Milei a presidência temporária do bloco, que o Brasil exercerá durante o segundo semestre.
A previsão é que o encontro com Cristina aconteça durante a tarde, após a cerimônia de transmissão da presidência do Mercosul. Será o último compromisso de Lula na Argentina. Logo depois, ele retorna ao Brasil.
A Justiça da Argentina autorizou a visita. Aliada histórica do PT, Cristina Kirchner foi condenada a seis anos de prisão e inabilitação política perpétua por administração fraudulenta. A ex-presidente nega os crimes imputados. Lula e o PT manifestaram solidariedade e a classificaram como uma perseguida política.
Lula teria sido aconselhado por auxiliares a não visitar a líder peronista. Membros da diplomacia brasileira temem que o encontro ofusque o fato de que o Brasil assumirá a presidência do Mercosul, com o foco na conclusão do acordo com a União Europeia, e provoque algum tipo de represália de Javier Milei.
Brics desfalcado
Na volta ao Brasil, Lula parte direto para o Rio de Janeiro, que vai receber, no domingo (6) e na segunda-feira (7), uma esvaziada cúpula do Brics, grupo fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Entre os membros originais do bloco, haverá duas baixas de peso: os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.
Também já confirmou ausência no encontro o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, devido ao recente conflito com Israel, com bombardeios em série ao território iraniano.
O Itamaraty fechará a lista oficial de autoridades confirmadas nesta quinta-feira. No entanto, já se sabe que alguns líderes convidados não comparecerão, como a presidente do México, Claudia Sheinbaum. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também deve declinar do convite.
Apesar das ausências, a expectativa do governo brasileiro é reunir cerca de vinte chefes de Estado no Rio de Janeiro, entre membros do Brics e convidados.
No ano passado, o Brics aceitou a inclusão de seis novos países: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Etiópia e Irã. A Argentina também havia sido incluída, mas Javier Milei, ao tomar posse, revogou a decisão.